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TV da Argentina tem a primeira âncora trans de telejornal

Emissoras de outros Países também quebraram importante barreira ainda existente nos canais brasileiros

27 mar 2020 - 10h17
(atualizado às 10h21)
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Diana Zurco, de 40 anos, tornou-se a primeira mulher transexual a ser apresentadora de telejornal na Argentina. A jornalista integra a equipe do TPA Notícias, exibido diariamente às 20h00, na Televisão Pública, a rede do governo. Antes de estrear diante das câmeras, este mês, ela trabalhava em rádio e quase ninguém conhecida seu rosto.

Agora o anonimato acabou. Diana passou a ser reconhecida nas ruas. A âncora usa transporte público. Sai de sua casa, em Hurlingham, cidade na Grande Buenos Aires, e pega ônibus, trem e metrô para ir e voltar do trabalho. No caminho, recebe elogios de telespectadores e até pedidos de selfies. "Sou uma operária da comunicação, e não uma estrela da TV", diz.

Com sólida formação acadêmica, Diana Zurco diz que a sociedade precisa dar oportunidades de trabalho a homens e mulheres transexuais
Com sólida formação acadêmica, Diana Zurco diz que a sociedade precisa dar oportunidades de trabalho a homens e mulheres transexuais
Foto: Reprodução

Em entrevista ao jornal Página/12, Diana Zurco analisou sua presença no horário nobre: "A televisão precisa ampliar sua visão de mundo e mostrar a diversidade de pessoas". Ela sente a responsabilidade social de sua presença em um veículo de comunicação tão popular e influente. "Com o meu trabalho e o que eu digo posso mostrar o caminho a outras pessoas."

A apresentadora em dois momentos no estúdio do principal telejornal noturno da Televisão Pública da Argentina
A apresentadora em dois momentos no estúdio do principal telejornal noturno da Televisão Pública da Argentina
Foto: Reprodução

A apresentadora espera que sua ascensão na TV marque o início de um processo de evolução na sociedade "patriarcal e machista" da Argentina. "Uma pessoa trans em um telejornal não deveria ser histórico nem gerar notícia", afirma. "Mas hoje precisa ser novidade para que amanhã não seja mais. É um processo de mudança social e cultural. Há transformações que são inevitáveis."

Telejornal com âncora trans também deixou de ser tabu no Paquistão, País islâmico no sul da Ásia. O conservadorismo local não impediu que a transexual Marvia Malik, de 23 anos, assumisse uma bancada no canal Kohenoor News.

Marvia Malik, do Kohenoor News, e Padmini Prakash, do Lotus News Channel: visibilidade trans em Países com sociedade conservadora
Marvia Malik, do Kohenoor News, e Padmini Prakash, do Lotus News Channel: visibilidade trans em Países com sociedade conservadora
Foto: Reprodução

Uma das precursoras nessa área foi Padmini Prakash. Em  2014, a jornalista trans estreou no Lotus News Channel, na Índia. O sucesso instantâneo a estimulou a ser ativista pelos direitos dos LGBTs.

Esse avanço ainda não chegou à televisão brasileira. Não há âncoras transexuais em nenhum telejornal. As poucas trans na TV estão em programas de entretenimento, como Lisa Gomes, repórter do TV Fama, e Léo Áquilla, comentarista no A Tarde é Sua, ou na teledramaturgia, a exemplo das atrizes Glamour Garcia ('A Dona do Pedaço'), Gabrielle Joie ('Bom Sucesso') e Maria Clara Spinelli ('A Força do Querer').

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