TV exibe assassino do ator Bruno Candé sendo imobilizado
Crime com repercussão internacional foi precedido por briga com insultos racistas
O canal TVI mostrou imagens de celular do momento em que um homem de 80 anos é imobilizado no chão por cidadãos anônimos poucos minutos após matar com quatro tiros à queima-roupa o ator português Bruno Candé. O crime aconteceu na tarde de sábado (25), em um calçadão de Moscavide, vilarejo ao norte de Lisboa. Várias pessoas testemunharam o homicídio. Acionada, a PSP (Polícia de Segurança Pública) prendeu o homicida.
A vítima chegou a ser socorrida por pedestres. "Tentaram estancar-lhe a hemorragia, mas quando a ambulância chegou, ele já estava morto", disse uma mulher entrevistada pela emissora. "Na origem do crime está uma discussão, na quarta-feira passada, com contornos racistas", informou a reportagem da TVI. De acordo com uma testemunha, o idoso e o ator tiveram discussão ruidosa e precisaram ser separados para evitar confronto físico.
Bruno Candé completaria 40 anos em setembro. Nasceu em Lisboa, filho de imigrantes de Guiné-Bissau, País da costa ocidental da África. Ele iniciou a carreira artística no teatro. Participou de montagens de peças de Heiner Müller, Shakespeare e vários autores portugueses. Na televisão fez a novela A Única Mulher, da TVI. O ator deixa três filhos, com idades entre 3 e 6 anos.
O assassinato à luz do dia, motivado por possível crime de ódio, gerou repercussão na mídia. Telejornais de vários países europeus e africanos noticiaram a morte do ator. Os canais portugueses, inclusive a SIC, parceira da Globo, fazem ampla cobertura do caso. Vários artistas de TV, como André Nunes e Nuno Markl, prestaram solidariedade à família de Bruno Candé, criticaram o recrudescimento do racismo em Portugal e exigiram ação rápida da Justiça.