Uma certeza no caso Neymar-Najila: não haverá final feliz
Escândalo sexual que domina a mídia parece trama de seriado policial com desfecho inevitavelmente triste
Neymar e Najila: quem é a vítima, quem é o vilão? Uma pesquisa do Instituto Paraná afirma que 63% dos brasileiros acreditam que o jogador seja inocente da acusação de agressão e estupro.
A maioria dos programas de TV – das atrações de fofocas aos policialescos – compartilham a mesma opinião.
Vários apresentadores colocaram a própria credibilidade em jogo ao afirmar que o astro do Paris Saint-Germain está sendo injustiçado.
Anônima até a semana passada, Najila tornou-se alvo fácil de declarações machistas e prejulgamentos.
O abominável tribunal da internet não é menos cruel do que o tribunal da TV.
Diante das câmeras, há quem não tenha pudor em achincalhar, imputar culpa e condenar. Juízes sem toga em busca de audiência fácil.
O caso Neymar-Najila parece um episódio de Law & Order: Special Victims Unit (Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais), do canal Universal TV.
Há uma incriminação sexual, um suposto culpado, uma hipotética vítima e inúmeras dúvidas. Provas aparecem e se dissolvem. Acontecem reviravoltas.
Muitos roteiros induzem o telespectador a enxergar uma coisa, mas o desfecho surpreende com uma verdade até então inesperada.
Independentemente das conclusões da polícia e da justiça, Neymar Jr. e Najila Trindade já são personagens derrotados.
Nenhum deles terá final feliz nessa história deprimente. Ambos carregarão estigmas para sempre.
O jogador e a modelo pagam um preço excessivamente alto pela repercussão midiática do encontro em Paris.
O que era para ser apenas prazer efêmero – como no encontro de um casal de novela – virou uma trama ultrajante, inclusive a quem a assiste.
A televisão também não sairá incólume desse caso. A cobertura tendenciosa – e às vezes atroz – de alguns programas colabora com a espiral de decadência do veículo.