Viagens de Gloria Maria fazem bem ao humor do telespectador
Matérias turísticas contrapõem a overdose de negatividade no jornalismo na TV
Na semana passada, após 14 horas de voo a partir do Rio de Janeiro, Gloria Maria desembarcou exausta no faraônico aeroporto de Dubai.
Pretendia descansar antes de iniciar o segundo trecho da viagem: mais 3 horas entre as nuvens até Teerã.
Mas turistas brasileiros cercaram a jornalista no saguão e ela passou um bom tempo posando para selfies e conversando com um grupo de fãs – ‘culpa’ de sua popularidade.
Quando finalmente ocupou um lugar na classe executiva de uma aeronave da Emirates, rumo ao Irã, estava “sem nenhum glamour”.
Desde que abriu mão de comandar o ‘Fantástico’, em 2007, a jornalista recuperou a alegria da profissão ao cruzar o planeta para fazer matérias especiais.
Na sexta-feira (21), o ‘Globo Repórter’ exibiu seu tour por Hong Kong, gravado em outubro do ano passado.
Como em quase todo programa com a participação de Gloria Maria, houve um momento hilário: depois de alimentar pandas, ela foi incumbida de limpar a jaula.
Ao aproximar o volumoso cocô de urso do nariz, disse com naturalidade peculiar: "tem cheiro de chá verde".
A vida da mais famosa repórter da Globo é assim: num dia vira babá em zoológico na Ásia, em outro fuma maconha numa comunidade rastafári na Jamaica (entre os melhores memes de 2016), atravessa o Grand Canyon, pechincha ao fazer compras em um mercado no Marrocos e, de repente, caminha pelo interior de uma catedral medieval na Suécia calçando Havaianas.
É a rotina sonhada por qualquer jornalista interessado em desbravar o mundo na busca de boas histórias para contar. E a jornalista carioca produz relatos sempre interessantes ao assumir os sentidos do telespectador em suas matérias.
Já podemos criar expectativa em relação ao programa sobre a cultura e o estilo de vida dos iranianos, que Gloria e sua equipe gravam neste momento.
Em tempos de overdose de notícias a respeito de escândalos políticos, crise econômica e violência, suas reportagens são um escapismo bem-vindo – especialmente a quem conta apenas com o menu limitado da TV aberta.
Na Globo desde 1971, a veterana repórter sabe como poucos inserir elementos do entretenimento no jornalismo. Precursora da informalidade no telejornalismo, Gloria Maria estabelece intimidade com o telespectador.
E, para sorte das redes sociais, sempre oferece matéria-prima impagável com suas excentricidades.