Vida de Gloria Vanderbilt renderia um filme de Oscar
Mãe do âncora da CNN Anderson Copper foi modelo, designer, pintora, atriz e uma das últimas grandes socialites americanas
“Para ser feliz é preciso encontrar a felicidade”, dizia Gloria Vanderbilt. Em 95 anos de vida, ela cruzou algumas vezes com esse sentimento – e também experimentou momentos de extrema dramaticidade. Morreu serenamente nesta segunda-feira (17), em Nova York.
Quando nasceu, em fevereiro de 1924, Gloria já era herdeira de uma fortuna equivalente hoje a 79 milhões de dólares, cerca de 320 milhões de reais.
Após a morte precoce do pai, a menina rica se tornou objeto de disputa judicial entre a mãe e uma tia. Essa guerra em um dos clãs mais famosos da América rendeu livros e a minissérie Little Gloria... Happy at Last (Pequena Gloria... Feliz Finalmente, em tradução livre), de 1982.
Ao completar a maioridade, a jovem Vanderbilt rompeu laços com a mãe e foi criar a própria história. Estudou atuação, fez teatro e se tornou uma modelo famosa.
A consagração aconteceu como estilista. Sua grife de jeans justos (algo ousado para as mulheres da década de 1970), com seu nome bordado no bolso de trás, virou uma febre.
Logo assinaria contratos para lançar diversos outros produtos com sua marca, desde perfume até licor. O patrimônio herdado aumentou muitas vezes com os royalties. Sua imagem de mulher bonita, inteligente e chique a catapultou para o ápice da high society de Nova York.
Gloria também foi atriz. Participou inclusive do popular seriado The Love Boat (O Barco do Amor), na década de 1980. Lançou livros (um deles, um romance erótico) e virou convidada de luxo em programas de TV.
Carismática, tinha personalidade tão interessante que inspirou o ex-Beatle Paul McCartney a compor e gravar Mrs. Vanderbilt (1974).
Casada quatro vezes, uma delas com o cineasta Sidney Lumet, teve quatro filhos. Os dois mais novos – Carter e Anderson – da última relação, com o escritor e ator Wyatt Emory Cooper.
Aos 23 anos, Carter cometeu suicídio ao pular de uma janela do apartamento da família, em Manhattan. Anderson, hoje com 56, é um dos principais apresentadores do canal CNN.
Há três anos, mãe e filho apareceram juntos no elogiado documentário Nothing Left Unsaid: Gloria Vanderbilt & Anderson Cooper, da HBO, com conversas entre os dois a respeito das alegrias e tristezas da vida.
Na mesma época chegou às livrarias The Rainbow Comes and Goes: A Mother and Son On Life, Love, and Loss (O Arco-íris vem e vai: Uma Mãe e seu Filho na Vida, no Amor e nas Perdas, em tradução livre). A obra de memórias alcançou a primeira posição na lista de best-sellers do The New York Times e emocionou milhares de leitores mundo afora.
A morte da socialite e ícone fashion encerra um capítulo de ouro da vida social da América. Sua trajetória de altos e baixos, sucesso e infelicidade, renderia um filme com a cara dos melodramas frequentemente premiados no Oscar.
Em quase meio século de existência, ela criou a própria lenda – e agora sua história novelesca será rememorada em muitas homenagens.