Bolsonaristas odeiam a Globo, mas assistem à ‘Pantanal’ no sigilo; veja números
Novela trouxe à emissora dois perfis de público imprescindíveis para a manutenção de sua liderança e a sobrevivência da TV aberta
Há 3 meses no ar, ‘Pantanal’ se consolida como o maior sucesso da televisão no primeiro semestre. Os 84 capítulos exibidos até sábado (2) renderam média geral de 29 pontos.
Na comparação com a novela anterior das 21h, ‘Um Lugar ao Sol’, são 7 pontos a mais, aumento de 30% de público. O inegável sucesso encerrou a crise de audiência na faixa horária mais nobre da Globo.
Enterrou de vez as tentativas de boicote contra o canal, especialmente da parte de apoiadores de Jair Bolsonaro. Aliás, os índices revelam que muitos fãs do presidente falam mal da TV da família Marinho, porém, acompanham o folhetim rural sigilosamente.
De acordo com levantamento do Painel Nacional de Televisão, da Kantar Ibope Media, ‘Pantanal’ trouxe de volta à Globo 33% mais homens adultos. Muitos deles juram não gostar de novela (“é coisa de mulher”).
A história das onças e sucuris também atraiu 32% mais jovens de até 34 anos. Esses dois perfis são fundamentais para a emissora se manter no topo do ranking. Importantes ainda para o futuro da TV aberta, cada vez mais ameaçada por sedutoras plataformas de streaming.
Houve crescimento de telespectadores das classes AB e C1, ou seja, famílias com melhores condições financeiras, que têm outras opções de entretenimento doméstico (canais pagos, por exemplo), mas preferem ver ‘Pantanal’.
Ainda segundo o PTN, 7 de cada 10 brasileiros assistiram à novela em algum momento desde a estreia, ou seja, 151 milhões de pessoas – mais do que os ‘100 milhões de uns’ que a Globo propaga alcançar.
Em relação ao destino da teledramaturgia, às vezes tão atacada ideologicamente e com morte anunciada de tempos em tempos, ‘Pantanal’ indica que o povo deseja enredos mais leves e com convite à contemplação.
Animada, a cúpula da Globo estuda a produção de novos remakes de tramas passadas no campo, como ‘O Rei do Gado’ (1996). Será que Bolsonaro aprovaria?