Bolsonaro deixa Tralli e Ticiane em lados opostos na TV
Enquanto âncora se destaca pelas cobranças ao governo, apresentadora vira notícia por fazer propaganda do bolsonarismo
César Tralli e Ticiane Pinheiro formam um dos casais mais carismáticos da televisão. Sempre sorridentes, felizes. Ironicamente, estão distantes na abordagem das ações bolsonaristas. O âncora do ‘Edição das 18h’, da GloboNews, faz diariamente críticas fundamentadas ao presidente e sua gestão da pandemia de covid-19 no País.
Já a apresentadora do ‘Hoje em Dia’, da Record TV, recebeu cachê do governo federal para realizar merchandising institucional no programa. A informação publicada primeiramente no ‘The Intercept Brasil’ foi repercutida pelo Terra no dia 13 de agosto no post ‘Famosos receberam R$ 4,3 mi por propaganda para Bolsonaro’.
Aparentemente, estar em lados opostos não afeta o casamento de quase 4 anos. E não há nenhum conflito ético. No caso de Ticiane, o testemunhal diante das câmeras para promover a administração de Bolsonaro foi uma imposição da emissora. Apresentadores não podem se negar a fazer merchandising sem um motivo convincente.
A notícia dos milhões pagos a famosos para noticiar o governo federal gerou repercussão bombástica. A princípio houve certo exagero. Presidências anteriores, de variados posicionamentos no espectro político, também contrataram artistas e influencers para fazer o mesmo. É uma prática comum usar a imagem de celebridades para publicizar grandes obras, programas sociais e campanhas de saúde.
No caso de Bolsonaro, a polêmica surgiu porque dinheiro público teria sido usado em merchans na TV para disseminar fake news sobre tratamento ou cuidado precoce da covid-19 em emissoras abertamente simpáticas ao presidente – a ‘inimiga’ Globo e seus contratados não receberam nenhum centavo. Até o momento não existe nada que ligue Ticiane Pinheiro a qualquer divulgação de conteúdo indevido.
Enquanto isso, na GloboNews, Tralli conquistou status de super âncora ao fazer a audiência do ‘Edição das 18h’ subir ao longo da pandemia e imprimir sua personalidade no telejornal. O juízo e as cobranças feitos por ele a Bolsonaro estão baseados no jornalismo, não em militância. Ele até elogia quando o governo faz algo certo.