Bolsonaro pode usar inimigos políticos para faltar a debate
Emissoras estão pessimistas em relação à presença do presidente nos encontros ao vivo com presidenciáveis
As equipes de jornalistas e produtores dos canais que vão promover debates com candidatos à Presidência trabalham com alguns cenários. Um deles é sem Jair Bolsonaro.
Candidato à reeleição pelo PL, ele ainda não confirmou participação nos eventos com transmissão ao vivo. O presidente pode recorrer ao histórico de alguns antecessores – que são seus inimigos políticos – para justificar a ausência.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT) não foram a nenhum debate de 1º turno quando tentaram um segundo mandato, em 1998 e 2006, respectivamente.
Bolsonaro sabe que seria o alvo principal de todos os outros candidatos. Uma performance ruim diante das câmeras poderia gerar repercussão negativa na imprensa e nas redes sociais, e pior: custar a perda de muitos votos.
Ao contrário da eleição de 2018, a internet deve ter menor influência sobre o resultado das urnas desta vez. Os partidos acreditam que a televisão será o principal cabo eleitoral.
Apostam alto no impacto do horário eleitoral gratuito, no ar a partir de agosto, e nos debates e nas sabatinas individuais com os presidenciáveis em programas jornalísticos.
Desta vez, Bolsonaro terá tempo relevante para vender suas promessas de campanha, atacar adversários e se defender de acusações, diferentemente do pleito passado, quando dispunha de poucos segundos de visibilidade na tela.
Líder nas pesquisas nacionais de intenções de votos, Lula valoriza tanto o potencial da televisão que trocou o marqueteiro de sua campanha após as primeiras inserções de TV da propaganda eleitoral do PT terem sido mal avaliadas por partidários e em pesquisas com público.
Caso Bolsonaro decida não ir aos debates, é provável que o ex-presidente de esquerda também falte aos encontros. O deputado federal David Miranda (PDT-RJ) apresentou um projeto de lei que obriga candidatos à Presidência e aos governos estaduais a comparecer a debates. Se aprovada, a medida valerá a partir da eleição de 2026.
Curiosidade: em 2014, a presidente Dilma Rousseff foi a 5 debates na primeira etapa da eleição. Ela ‘apanhou’ bastante dos oponentes, mas conseguiu seguir ao 2º turno com Aécio Neves (PSDB) e, na sequência, conquistou um novo mandato, interrompido pelo processo de impeachment.
Confira a agenda de debates presidenciais na TV:
Primeiro turno
6 de agosto – CNN Brasil
9 de agosto – TV Jovem Pan News
14 de agosto – Band
2 de setembro – Rede TV
13 de setembro – TV Aparecida
24 de setembro – SBT, O Estado de S. Paulo, Veja e Rádio Nova Brasil FM
29 de setembro – TV Globo
Segundo turno
3 de outubro – CNN Brasil
4 de outubro – Band
11 de outubro – TV Jovem Pan News
22 de outubro – SBT, O Estado de S. Paulo, Veja e Rádio Nova Brasil FM
23 de outubro - RecordTV
28 de outubro – TV Globo