Cesar Tralli ganha prestígio com furo de reportagem no 'JN'
Com 22 anos de casa, Cesar Tralli é um dos repórteres mais experientes da Globo. Porém está 'escondido' como âncora de um telejornal local, o 'SPTV' 1ª Edição, exibido apenas na região metropolitana de São Paulo.
Na noite de quinta-feira (30), ele voltou a exercer sua especialidade, o jornalismo investigativo, em rede nacional.
Foi de Tralli um furo de reportagem apresentado no 'Jornal Nacional': a entrevista exclusiva com a advogada Beatriz Catta Preta, negociadora de várias delações premiadas de investigados na Operação Lava-Jato.
A defensora anunciou a decisão de encerrar a carreira após receber "ameaças veladas" de membros da CPI da Petrobras.
Com fontes no alto escalão do meio jurídico, Tralli negociou pessoalmente a entrevista. Catta Preta era uma das personagens mais procuradas por jornalistas nas últimas semanas.
O interesse ficou ainda maior com a publicação de matéria na 'Veja' do fim de semana. A revista afirmou que ela teria fechado o escritório em São Paulo e se mudado às pressas para Miami.
A conversa da advogada com Tralli foi exibida também no 'Jornal da Globo' de ontem e no 'Bom Dia Brasil' desta sexta-feira, com diferentes edições.
Um detalhe não citado textualmente na matéria: o rosto de Beatriz, mostrado em close, com marcas de lágrimas escorridas.
Desde que trocou a reportagem pelo estúdio, em 2011, Cesar Tralli saiu do radar nacional da Globo.
Jornalistas que entraram no canal depois dele, como Evaristo Costa e Rodrigo Bocardi, conquistaram visibilidade maior — o primeiro na bancada do 'Jornal Hoje' e no rodízio de apresentadores do 'JN', e o segundo como titular do 'Bom Dia SP' e âncora eventual do 'Bom Dia Brasil'.
O bom desempenho de Tralli no 'SPTV', que faz a audiência dobrar em relação ao programa anterior, o 'Encontro com Fátima Bernardes', e suas matérias exclusivas que chegam a ser repercutidas por outras emissoras, o credenciam a fazer voos mais altos na Globo.
Apresentadores de telejornais que também fazem reportagens especiais são raros na TV brasileira, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa.
Aqui, âncoras têm excesso de status, como se pertencessem a uma casta superior do jornalismo. Raramente se propõem a deixar o conforto do estúdio para ir a campo atrás da notícia. Tralli é uma exceção. Não perdeu o instinto de repórter.
