Chefão do Globoplay deixa vários mistérios no ar ao sair da empresa
Erick Brêtas é substituído por executivo de finanças no momento em que a HBO Max gera grande expectativa com suas novelas com ex-globais
Responsável pela implementação e o desenvolvimento do Globoplay, Erick Brêtas deixou o Grupo Globo após 26 anos. Uma trajetória de sucesso, sem dúvida. Como ele próprio destacou em postagem no X (antigo Twitter), “hoje, o selo ‘Original Globoplay’ é marcador de prestígio para uma série ou um doc”.
Sua saída ressalta três dúvidas sobre a plataforma de streaming da empresa da família Marinho: o número de assinantes do serviço digital, o faturamento anual e se gera lucro ou prejuízo.
O mercado de TV comenta que a plataforma opera no vermelho desde sua criação em 2015. Essa situação estaria dentro do previsto. A ordem seria continuar a injetar recursos para começar a ter retorno financeiro em alguns anos.
Sabe-se que a Globo tem sacrificado a lucratividade para manter os planos de investimentos bilionários no aprimoramento tecnológico do Globoplay e no cronograma de produções.
O futuro da TV aberta está diretamente associado ao streaming. Um grande canal sem uma plataforma forte – em conteúdo, acessos e receitas – arrisca se tornar um negócio inviável. A cúpula global tem convicção dessa realidade.
Chama atenção que o escolhido para suceder a Brêtas no comando da área de Produtos Digitais e Canais Pagos seja Manuel Belmar, até então diretor de Finanças, Jurídico e Infraestrutura, ou seja, um executivo aparentemente sem experiência efetiva em produção artística.
A novidade suscita a conclusão de que ele chega com a missão de promover uma reestruturação financeira no Globoplay. Vai cancelar séries e engavetar projetos? Aumentar o valor da assinatura? Reduzir investimentos?
O tempo trará as respostas.
Neste ano, o Globoplay passará por uma prova de fogo: o recrudescimento da concorrência da HBO Max por meio de novelas nacionais inéditas. Duas devem ser disponibilizadas até o início do segundo semestre: ‘Dona Beja’ e ‘Beleza Fatal’, ambas com estrelas dispensadas pela Globo.
Essas produções vão abalar o Globoplay? Há risco de a plataforma ser ultrapassada pela rival com selo norte-americano?
Por enquanto, mais incertezas.