Chiliques de colegas contra jornalista na GloboNews são constrangedores
Demétrio Magnoli insere pluralidade em um canal onde o companheirismo ofusca o desejável confronto de ideias
Enquanto a Globo já foi apoiadora da ditadura militar, orientadora de Fernando Collor na eleição de 1989, insistentemente anti-Lula por alguns anos e inimiga de Bolsonaro, a GloboNews sempre flertou com a esquerda e criticou a direita em seus variados graus ideológicos por meio de seus âncoras e comentaristas.
Como ressaltado aqui em outras análises, falta pluralismo ao canal de notícias de maior audiência da TV paga. Seria imprescindível haver analistas com pensamento da direita clássica para ampliar os debates sobre os mais relevantes temas.
Hoje, o que se vê, é um excesso de camaradagem entre progressistas de crachá. Quando um deles ousa contraditar alguma colocação, quase implora perdão para não constranger o colega. Por isso, na ocasião em que Demétrio Magnoli vai contra a corrente, gera reações exageradas, algumas até histéricas, de outros jornalistas que não aceitam ser contrariados.
O ataque desproporcional de Guga Chacra contra Demétrio na discussão sobre Marine Le Pen (ela ainda é de extrema direita ou não?), no ‘Em Pauta’ de segunda-feira (1) ressalta a dificuldade de a GloboNews oferecer ao assinante o necessário e aguardado confronto de ideias. Ali, a divergência vira ‘eu contra você, você contra mim’, o certo e o errado, o mocinho e o vilão. No fim, todos contra o dissidente.
Sádico em sua maioria, o telespectador gosta de assistir a um embate. Aliás, no caso da GloboNews e emissoras similares, paga mensalidade para tê-lo. O ideal é que aconteça no campo do contraditório isento de passionalidade, e não um bate-boca baseado em rivalidade pessoal, útil apenas como caça-clique no estilo ‘quanto pior, melhor’.
Hábil em propor visão diferente e provocar, Demétrio Magnoli exerce função valiosa no telejornalismo. Por isso, a direção da GloboNews o tirou do ‘Jornal da Cultura’, anos atrás, a fim de diversificar seu quadro de comentaristas. Ex-socialista, ele afirma permanecer à esquerda no espectro político. Que continue a não se curvar a dogmas, a fazer críticas sem medo de desagradar e a provocar colegas chiliquentos.
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