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Clássico é reeditado na TV para evitar o racismo amarelo

Emissora britânica remove todas as cenas de um famoso ator em 'Bonequinha de Luxo' a fim de não ser acusada de discriminação

22 fev 2022 - 09h50
(atualizado às 14h01)
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Mickey Rooney admitiu ter exagerado no estereótipo
Mickey Rooney admitiu ter exagerado no estereótipo
Foto: Reprodução

No início de fevereiro, o Channel 5, do Reino Unido, exibiu uma versão retalhada de ‘Bonequinha de Luxo’ (Breakfast at Tiffany’s), filme de 1961 que imortalizou a estrela Audrey Hepburn no papel da garota de programa Holly Golightly.

Foram removidas todas as sequências do ator Mickey Rooney. Para interpretar o dono do apartamento onde a protagonista mora, ele praticou ‘yellowface’. Se fez passar por japonês com maquiagem pesada, prótese de dentes tortos e sotaque carregado.

O personagem Sr. Yunioshi se tornou um símbolo da maneira pejorativa e ofensiva com que orientais eram representados até pouco tempo em produções de Hollywood e da TV dos Estados Unidos. Um exemplo do racismo amarelo, contra asiáticos em geral.

Antes de morrer, em 2014, Rooney, ganhador de dois Oscars, disse que teria atuado de maneira diferente se soubesse que ofenderia o público oriental. O diretor do filme, Blake Edwards, também reconheceu que a caracterização e a interpretação foram equivocadas.

O ator americano ficou irreconhecível como japonês
O ator americano ficou irreconhecível como japonês
Foto: Reproduções

A exclusão do Sr. Yunioshi prejudica o roteiro de ‘Bonequinha de Luxo’. Muitos cineastas, atores e críticos de cinema defendem que o clássico seja exibido na íntegra e que, no início, sempre haja um aviso para contextualizar a obra em relação a seu tempo de produção, destacar a inconveniência das cenas ultrajantes e ressaltar a importância de se combater o preconceito contra estereótipos raciais.

No Brasil, polêmica semelhante ocorreu com a novela das 18h ‘Sol Nascente’, da Globo, em 2016. Sem ascendência oriental, o ator Luís Melo viveu um patriarca de origem japonesa. Ele substituiu o primeiro artista chamado para o papel, Ken Kaneko, japonês de nascimento radicado no Brasil. A comunidade nipônica protestou na imprensa pela falta de representatividade na teledramaturgia.

Nos últimos anos, ganha força o movimento para que a escalação de atores respeite a origem étnica dos personagens, sejam fictícios ou reais. Em um passado vergonhoso, era comum e aceitável, por exemplo, um ator branco pintar o rosto de preto e alargar as narinas com pedaços de rolha para viver um negro – o chamado ‘blackface’. Aconteceu com o galã Sérgio Cardoso na novela ‘A Cabana do Pai Tomás’, da Globo, no ar em 1969. O episódio é lembrado como um dos piores momentos das novelas brasileiras.

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