CNN Brasil demite celebridades do jornalismo para tentar alcançar a Jovem Pan
Canal inicia mudança profunda para voltar a priorizar notícias relevantes ao vivo
Não gera surpresa o anúncio de demissões na CNN Brasil. O meio televisivo já comentava a respeito desde a saída da CEO Renata Afonso, menos de duas semanas atrás.
A emissora abriu mão de alguns ex-globais com alto salário, a exemplo de Monalisa Perrone e Gloria Vanique. Ambas são jornalistas com status de artista.
Na prática, elas apresentavam os programas baseadas na leitura do teleprompter. Não traziam notícias quentes de fontes importantes. Este perfil está com os dias contados no telejornalismo.
Os canais querem âncoras mais participativos, que ajudem a esquentar o noticiário ao vivo. Para garantir seu posto, o apresentador terá de usar a alma de repórter para ir atrás da informação.
O veterano Sidney Rezende, ex-Globo e GloboNews, também foi dispensado, assim como o apresentador Kenzô Machida, ex-repórter da Globo em Brasília, e o historiador Leandro Karnal, um filósofo pop levado à TV.
A apresentadora Marcela Rahal, envolvida em polêmica na demissão do colega de bancada Daniel Adjuto, em setembro, também entrou nos cortes.
As mudanças na CNN Brasil estão apenas começando. O novo presidente-executivo, João Camargo, tem carta branca do dono do canal, o bilionário Rubens Menin, para reformular a linha editorial, demitir e eventualmente contratar profissionais.
O objetivo é abandonar o estilo 'soft' (jornalismo suave, com notícias leves) e investir pesado no 'hard news', as notícias da hora, com a busca de 'furos', as informações em primeira mão.
Lançada em março de 2020, a CNN Brasil foi ultrapassada no Ibope pela Jovem Pan News, inaugurada em outubro de 2021. O novo comando da TV quer reverter a desvantagem de audiência.
Essa guinada tem coerência. Uma emissora de notícias precisa priorizar os fatos e as análises, e não formatos associados ao entretenimento. A CNN Brasil deve, a partir de agora, ficar mais parecida com a CNN norte-americana.
As demissões anunciadas e outras que deverão acontecer nas próximas semanas vão gerar uma redução de custos.
Rubens Menin não precisa que a emissora dê lucro, mas espera que cubra 100% de suas operações. O interesse dele no negócio é o poder de influência.