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Com vida em seriado, ex-detenta diz que prisão nos EUA tira "humanidade"

17 jul 2013 - 07h16
(atualizado às 08h18)
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<p>Piper Kerman, autora do livro que inspirou a série, esteve em São Paulo, no Hotel Unique, na última segunda-feira (15)</p>
Piper Kerman, autora do livro que inspirou a série, esteve em São Paulo, no Hotel Unique, na última segunda-feira (15)
Foto: Divulgação

Em 1992, Piper Kerman, era apenas mais uma recém-formada da Smith College, cheia de planos e buscando continuar sua vida da melhor forma possível. Apenas um ano depois, ela conheceu a mulher que mudou tudo - não necessariamente para melhor. Nora, sua namorada na época, estava envolvida com tráfico de drogas e Piper acabou no esquema também. Mais de cinco anos depois, quando já estava noiva do editor Larry Smith, foi indiciada por lavagem de dinheiro e conspiração criminosa. Começava ali a primeira grande mudança na vida da jovem.

Depois disso, negociou um acordo com a Justiça, declarou-se culpada e foi condenada a cumprir 1 ano e três meses na prisão de segurança mínima de Danbury, em Connecticut. Assim, a moça de cabelos loiros e que sempre teve uma vida confortável, acabou na cadeia. O tempo que passou encarcerada virou um livro, chamado Orange is the New Black (ainda não disponível no Brasil), que este ano se transformou em uma série de 13 capítulos, escrita por Jenji Kahan, de Weeds, e está disponível no Netflix.

Na segunda-feira (15), Piper recebeu alguns jornalistas no Hotel Unique, em São Paulo, para falar sobre seu trabalho como consultora da série, que é inspirada na sua vida. No seriado, ela é vivida pela atriz Taylor Schilling, que por estar doente não veio ao Brasil e acompanhou a entrevista por telefone. "A série é uma adaptação. Tem muitas diferenças do livro, dramaticamente falando. Grandes, na verdade. Algumas passagens de Piper Chapman são muito diferentes da minha vida. O incidente inicial, que a leva para a prisão, é o mesmo, mas as escolhas que ela faz atrás das grades são muito diferentes das minhas. Estou feliz em dizer isso!", disse, rindo. 

"Acho que os temas do livro: empatia e amizade, culpa e vergonha, abuso de substâncias e drogas, doenças mentais, que é um problema muito grande nos Estados Unidos, quando falamos em prisão, todos os temas do livro estão lá, mesmo que as histórias sejam diferentes", elogiou. A única ressalva fica por conta da comédia, que realmente não está presente na autobiografia. "É mais tenso do que a série. Acho que o livro não é uma comédia. Temos humor, porque é um reflexo da experiência. Você não consegue sobreviver na prisão sem rir algumas vezes. E algo como: se eu não rir, eu vou chorar. Mas o livro é mais sério, tem menos comédia", afirmou.

Questionada sobre como manter a vaidade em seu período na prisão, algo abordado no seriado, Piper afirmou ser um ponto muito importante para as detentas. "Isso é uma parte essencial na vida de uma prisão feminina. Tudo no sistema carcerário dos Estados Unidos é sobre tirar sua humanidade e, certamente, sua feminilidade. Você usa roupas masculinas, botas. É muito importante, porque não é alguma coisa superficial. É uma coisa fundamental da dinâmica social e humanista também", opinou.

Primeira vez no set

Piper Kerman é consultura da série e fez questão de acompanhar cada passo do seriado, sempre que possível. O set da atração fica em Nova York, onde ela mora, o que facilitou muito suas visitas. Perguntamos como foi a primeira vez em que ela viu Taylor Schilling em ação e seu contato com o universo criado para a prisão de Litchfield. "No primeiro episódio, Larry, meu marido, estava comigo e, quando entramos, tive uma sensação estranha no estômago, porque a produção estava incrível. Eles recriaram o refeitório, os dormitórios, a sala de visitas, os chuveiros, e nós andamos por ali. Foi muito impressionante, muito emocionante para mim", contou.

"Foi uma sensação muito estranha. Foi interessante para o Larry, que esteve na sala de visitas centenas de vezes, mas nunca esteve nas outras dependências. Os olhos dele estavam enormes. Aquele dia eu vi Taylor atuando pela primeira vez. Nós a vimos enquanto gravava uma cena complicada, com muitos atores. Era uma sequência engraçada, mas ao mesmo tempo ela estava nervosa, tinha cometido um grande erro, que é quando ela insulta Red, a cozinheira. Eu assisti e senti alivío e animação. Pensei: 'ela vai ser ótima'. Foi um grande momento para mim", completou.

Pelo telefone, Taylor Schilling disse que lutou para viver a personagem e também contou como se preparou para a série.  "Estava fazendo tudo o que eu podia para viver esse personagem! Essa série, esse papel, Jenji (Kohan), Piper Kerman, esse é o tipo de projeto, tipo de criatividade, que eu busco. Esse é o trabalho mais emocionante do qual já participei. É absolutamente um sonho que virou realidade", afirmou, animada.

"Eu li o livro antes de começarmos as filmagens e conversei com Jenji. Eu estava tão feliz com esse personagem. Ele é tão brilhante", contou. "Minha percepção sobre Piper, a minha personagem, não mudou quando conheci a Piper real. Na verdade, ela cresceu! Piper foi ótima comigo e me deu detalhes que eu não tinha acesso antes", finalizou.

Piper Kerman e seu marido, Larry Smith, que a visitava semanalmente na prisão
Piper Kerman e seu marido, Larry Smith, que a visitava semanalmente na prisão
Foto: Facebook / Reprodução

Outras detentas

Em Orange is The New Black, Piper Chapman pode ser a principal, mas a grande paixão do público acaba sendo as outras personagens, também detentas, que têm a vida entrelaçada a da protagonista. A autoritária Red (Kate Mulgrew), chefe da cozinha, a lésbica e dependente química Nicky Nichols (Natasha Lyonne) ou a animada Taystee (Danielle Brooks) têm histórias tão ou mais interessantes do que a própria Piper. A ponto do telespectador esquecer de que se tratam de criminosas e torcer por elas, assim como acontece em Dexter, por exemplo, em que sabemos que ele é um serial killer, mas simplesmente não conseguimos torcer contra e arrumamos uma série de desculpas para suas atitudes.

"Acho que o que as pessoas mais gostam no livro é como a minha história se entrelaça com a das outras mulheres, em jeitos poderosos e diferentes. O show consegue mostrar isso de uma forma que você não conseguiria em um livro. Então, não é apenas sobre Piper Chapman, é sobre todas essas mulheres. Nós temos um elenco genial e diverso, então, aprendemos muito sobre esses outros personagens. Para mim, como autora do livro, isso é muito emocionante, porque eu acho que isso é o mais imporante no livro", disse a escritora.

Pedimos, então, que ela dissesse qual sua personagem favorita. Piper simplesmente não conseguiu escolher uma só. "Realmente amo Red e Crazy Eyes (Uzo Aduba). Ela é hipnotizante, né?! Fantástica! Tem a Danielle Brooks, com quem vocês também vão conversar. São atrizes treinadas, que trazem tudo o que há de mais fascinante para esses papeis. Acho a Taryn Manning, que vive Pennsyltucky, a realmente louca da história, ótima. E Natasha Lyonne! Você não consegue tirar seus olhos dela quando ela está em cena. Como autora do livro, estou muito grata que tantas pessoas criativas vieram fazer a série. É fantástico".

Para quem está curioso para saber se Piper ainda se relaciona com as mulheres que conheceu quando estava presa, a resposta é sim. E algumas delas inclusive estão acompanhando o seriado. "Tenho contato com elas online e algumas estão assistindo ao show. As histórias são muito diferentes. Os personagens são muito diferentes. Isso é bom, na verdade. Uma amiga que conheci na cadeia, me mandou uma mensagem dizendo: 'estou tendo flashbacks'. A atmosfera que eles criaram na série é muito próxima a realidade".

A experiência difícil acabou trazendo bons frutos para Piper Kerman, que atualmente é muito grata por tudo o que viveu. "Sou agradecida e feliz por tantas coisas positivas terem vindo de um momento tão ruim da minha vida. Sou realmente agradecida por isso!", encerrou.

Foto: Divulgação

Fonte: Terra
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