Comentarista ri de nervoso quando âncora sugere desacreditar pesquisa eleitoral
Episódio na CNN Brasil ressalta a controvérsia do uso de sondagens de intenções de votos na TV
O telespectador que também é eleitor deve se deixar influenciar pelas pesquisas de intenções de votos divulgadas nos telejornais?
Esta questão relevante sempre suscita debate e divide opiniões. Por um lado, os dados aferidos pelos institutos são valiosos como termômetro do eleitorado.
Do outro, conseguem influenciar muita gente a se decidir com base no pensamento simplista “vou votar em quem está na frente”.
Ao dar tanta visibilidade e importância às pesquisas, a imprensa — e especialmente o telejornalismo — prova sua força como quarto poder, capaz de induzir o resultado das urnas.
Tal controvérsia gerou uma situação interessante no programa ‘William Waack’, na CNN Brasil, na noite de segunda-feira (15).
Diante dos dados da nova pesquisa do Ipec (Lula com 44% e Bolsonaro, 32%), o âncora se dirigiu ao comentarista de política Caio Junqueira.
“(A eleição) está decidida ou não está, com esses números?”, questionou William.
“De forma alguma”, respondeu o jornalista.
“Desminta os números, então”, provocou o veterano.
Caio relatou ter tido contato com profissionais dos comitês de Bolsonaro e Lula, e os dois lados estão “muito crentes na vitória”.
“Na minha percepção, essa eleição será decidida na última semana. Creio que há 20% que ainda não sabem em quem vão votar”, afirmou o comentarista.
Waak insistiu. “O que você está dizendo para o nosso público, em resumo, é o seguinte: não olhem para esses números (da nova pesquisa), eles não são o que vai acontecer.”
Após três segundos de hesitação, Caio riu, surpreso com o questionamento. “Waack, eu acho que tem muita coisa para acontecer.”
“Eu disse que ia te provocar”, comentou William, irônico.
Presente também na bancada, Raquel Landim opinou. “A pesquisa é o retrato de hoje. Não dá para tirar dela o que vem lá.”
De agora em diante, o telespectador/eleitor será bombardeado com diferentes pesquisas todas as semanas.
Analistas vão desdobrar os números a fim de indicar o possível resultado da eleição.
Crer ou não crer, eis a questão.