Como canais de TV podem usar o poder financeiro contra o racismo nos gramados
Emissoras têm ferramentas para obrigar times e entidades representativas a ter postura mais firme contra torcedores criminosos
O futebol vira em torno do quê? Não, não é da bola, e sim do dinheiro. De milhões, bilhões em patrocínios e direitos de imagem.
Os clubes e as ligas do esporte dependem da fortuna que algumas emissoras, como a Globo, pagam para transmitir os campeonatos.
Uma maneira de punir times omissos ou com reação insuficiente contra casos de racismo seria mexer na conta bancária.
Suspender pagamentos até que haja uma punição exemplar dos torcedores racistas e maior comprometimento para evitar novos episódios nos estádios.
Ao ver a fonte começar a secar, os dirigentes certamente não teriam posicionamento tão dúbio e ineficaz como no caso da LaLiga ao lidar com recorrentes ataques a Vini Jr.
Outra atitude seria não exibir os jogos dos clubes com episódios frequentes de racismo nas torcidas. Um boicote declarado.
Mas (há sempre um ‘mas’, infelizmente), os canais de TV também circulam feito zumbis em torno da montanha de dinheiro erguida graças do futebol.
Os interesses comerciais, como a obrigação contratual de dar visibilidade aos anunciantes dos campeonatos, seriam um obstáculo a essas ações antirracistas envolvendo corte de pagamentos e redução da visibilidade.
Resta às emissoras usar o imensurável poder de influência – imediatamente e sem desculpa para não fazê-lo – a fim de ajudar a identificar os criminosos de racismo e injúria racial, dar espaço aos jogadores vitimados e promover campanhas contra a discriminação.
Não adianta apenas reportar os casos nos telejornais. Os canais podem e devem colaborar mais no combate a essa vergonha que acontece não apenas na Europa, mas também nos estádios do Brasil, o País com maior população negra fora da África.