Como foi a última cena de Daniella Perez e Guilherme de Pádua, jamais exibida
Bastidores da sequência de rompimento amoroso entre os personagens Yasmin e Bira causaram estranhamento no estúdio da Globo
Poucas horas antes de ser assassinada, na noite de 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez gravou uma cena do capítulo 141 de De Corpo e Alma, novela das 21h escrita por sua mãe, Gloria Perez.
Na sequência dramática, Yasmin coloca um ponto final no romance com Bira, interpretado por Guilherme de Pádua, que seria condenado a 19 anos de prisão pelo homicídio.
“Acabar por quê? Não te entendo, a gente está numa boa, não tá?”, reage o cobrador de ônibus. “Por que... Por que eu não estou apaixonada por você”, afirma a jovem. Exaltado, Bira tenta reverter a situação, mas é inútil. “Cê que sabe”, diz ao final da cena – e sai do quarto batendo a porta.
Esse momento não foi exibido na novela. Logo após o crime, ocorrido na noite em que foi ao ar o capítulo 127, a Globo ordenou a exclusão de todas as cenas com Guilherme de Pádua. O personagem desapareceu da trama sem explicação.
Uma edição especial do Globo Repórter revelou os bastidores daquele último dia de trabalho da vítima e de seu algoz. Ouvidos pelo repórter Marcelo Rezende, o diretor da novela, Fábio Sabag, e o camareiro Walfredo Rosário contaram que o ator apresentava comportamento inquieto e chorou de verdade atrás das câmeras.
Em sua narração, o jornalista tirou uma conclusão contundente sobre a derradeira gravação. “É uma cena incomum na carreira medíocre de Guilherme de Pádua. Ele conseguiu passar para o personagem Bira a tensão característica de um homem que ama e é rejeitado.”
Rezende prosseguiu com a análise. “Só que a tensão não era de Bira, mas sim do assassino Guilherme que, a essa altura, já sabia que a vida de Daniella Perez, uma menina de apenas 22 anos, estava chegando ao fim.”
As camareiras Geralda Fernandes e Maria Amélia Abraão relataram na matéria que Daniella Perez ficou “nervosa” após receber bilhetes. A sempre calma e sorridente atriz estava visivelmente sob pressão naquele dia fatídico.
O veterano Sabag falou a respeito de como era dirigir e conviver com a jovem estrela da TV. “Ela era muito queridinha. Essa menina era um poema. Você lidando com ela no estúdio, era uma graça. Não havia quem não se encantasse com ela”, disse, comovido.
O crime que chocou o Brasil voltou a gerar manchetes com o lançamento da série documental Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, na HBO Max. Três décadas depois, Gloria Perez repassa a história e revela detalhes inéditos.