Como Ilze foi parar nos telhados de Roma após ser musa do Rock in Rio
Correspondente da Globo vive um casamento discreto, não quis ser mãe e diz se sentir jovem como no início da carreira
Ilze Scamparini não pensava fazer TV. Queria a imprensa escrita ou se dedicar às artes plásticas. No primeiro ano da faculdade de Comunicação Social estagiou no ‘Diário do Povo’ de Campinas.
A estreia diante das câmeras aconteceu em 1981, quando foi aprovada em testes para ser repórter do ‘TV Mulher’, importante programa feminino da Globo. Dali em diante, nunca mais deixou a televisão.
Hoje, com 40 anos na emissora, é uma referência como correspondente internacional. A paixão pela escrita rendeu o primeiro romance, ‘Atirem Direto no Meu Coração’, inspirado em fatos reais sobre a guerra do Kosovo, lançado em 2021.
O Sala de TV selecionou curiosidades a respeito da vida pessoal e da carreira de Ilze, alvo de memes por raramente descer dos telhados de Roma ao surgir nos telejornais.
.A jornalista diz ter aprendido bastante com Heraldo Pereira no canal em que trabalharam juntos em Campinas, interior paulista. “Me ajudou a entender melhor a TV”, disse. Na semana passada, os dois se reencontram no estúdio do ‘Jornal Nacional’ após muitos anos.
.Em 1983, ao cobrir férias na equipe do ‘JN’ no Rio, Ilze foi bem recebida por duas veteranas: Gloria Maria (grande ícone da reportagem, vítima de câncer em fevereiro) e Leila Cordeiro (radicada há muitos anos nos EUA).
.Um grande momento da repórter foi na cobertura do Rock in Rio, em 1985. Com glitter nos cabelos, bottons na roupa e óculos solares no formato da palavra ‘rock’, ela chamou a atenção do público ao ficar totalmente inserida no clima festivo do festival. A repórter Luiza Zveiter, do ‘É de Casa’, homenageou a veterana reproduzindo o look ao cobrir o evento em 2022.
.Ilze passou um tempo em Brasília e depois começou a viajar ao exterior pelo ‘Globo Repórter’. Cobriu a Copa da Itália em 1990 e foi à Ucrânia mostrar as consequências do acidente nuclear de Chernobyl. Trabalhou um tempo em Nova York e depois se instalou em Los Angeles, onde cobriu cerimônias do Oscar.
.Em 1999, a jornalista propôs aos chefes ser a primeira correspondente do canal em Roma. “Era um projeto diferente para uma grande emissora, de custo relativamente baixo, o repórter sozinho trabalhando em casa, com um cinegrafista local”, contou ao projeto ‘Memória Globo’. A previsão era ficar 1 ou 2 anos. Nunca mais voltou ao Brasil.
.De família italiana (parte do Vêneto, outro grupo da Lombardia) e formação católica, Ilze se dedicou a estudar o Vaticano. Tornou-se uma especialista com fontes no coração da igreja. Cobriu os papados de João Paulo II, Bento XVI e agora acompanha o de Francisco.
.Em julho de 2013, a repórter ganhou projeção em outros países ao ter a coragem de perguntar como Francisco enfrentaria o lobby gay nas altas esferas de poder da igreja. “Até agora não encontrei ninguém no Vaticano com uma carteira de identidade que diga ‘gay’. Se uma pessoa é gay e procura Jesus, e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”, disse o papa em um trecho da longa resposta. “Agradeço muito por você ter feito esta pergunta”, finalizou o pontífice.
.O telhado de onde ela grava as passagens das matérias fica no terraço do prédio onde mora, a poucos metros da Praça Navona e do prédio da Embaixada Brasileira na Itália. A cúpula que aparece ao fundo é a da Igreja Sant’Agnese in Agone (Santa Inês da Agonia).
Além de referência no jornalismo, Ilze Scamparini se destaca pela elegância sóbria. Sempre impecavelmente vestida, penteada e maquiada. Os óculos de grau com armações grossas são uma marca registrada.
Pouco se sabe de sua vida pessoal. Está casada há quase 20 anos com o roteirista italiano Domenico Saverni Mezzatesta. Não quis ter filhos. O instinto materno foi usado com as sobrinhas.
Em dezembro, ela completará 65 anos. A idade não é uma questão importante. “Se anos atrás uma pessoa se sentiria velha, bom, eu não me sinto. O tempo passa e continuo me sentindo a mesma pessoa, a mesma jovem”, disse ao jornal gaúcho ‘Zero Hora’.