Compreendo o salário milionário de Bonner: adicional de insalubridade por debates
Posição ocupada pelo jornalista é invejada por muitos colegas na Globo, mas poucos aguentariam o peso da missão
O tio arriou, mas aguentou o fardo. Mesmo com a experiência de vários debates, William Bonner foi surpreendido no encontro de presidenciáveis na quinta-feira (29).
Poucas vezes se viu tamanha tensão e falta de decoro de alguns candidatos. Lembrou os confrontos enérgicos de 1989, na primeira campanha à Presidência após a redemocratização.
Bonner foi ignorado incontáveis vezes quando tentou manter a ordem no circo, digo, no palco. Em vários momentos, os microfones de participantes precisaram ser cortados.
Surpreendido, o jornalista demonstrou irritabilidade incomum. A expressão facial denunciou cansaço. No bloco final, as pálpebras pareciam mais pesadas.
Fez por merecer o salário alto – dizem ser de R$ 1 milhão por mês – como principal âncora da Globo e mediador oficial dos debates presidenciais a cada 4 anos.
A missão pesarosa exige mesmo boa compensação financeira. Hoje, Bonner deve ter acordado com sintomas de estresse pós-traumático. Ninguém sobrevive incólume após comandar um debate tão enervante.
O evento de 2018 foi tranquilo na comparação com o de ontem. Conhecido pela personalidade piadista nos bastidores, o apresentador até se permitiu rir de sua distração. “Vou fazer um ranking dos meus erros”, brincou na época.
Desta vez, não houve espaço para o humor.
Em tempo: cadê você, Renata Vasconcellos? Senti falta da âncora na bancada do ‘JN’ na noite do debate. Aliás, já passou da hora de a Globo dar algum espaço a uma mulher no evento com presidenciáveis. Talvez fazer um rodízio com Bonner ao longo dos blocos ou surgir para lançar perguntas aos candidatos. A competente Renata merece essa posição.