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Após polêmica, Globo nega racismo em seleção de bailarinas

Emissora negou preconceito em seleção para o Domingão do Faustão; apenas 6 participantes são negras, entre 60 candidatas

15 jul 2015 - 12h13
(atualizado às 16h57)
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Post sobre "diversidade" repercutiu mal na página do Gshow
Post sobre "diversidade" repercutiu mal na página do Gshow
Foto: Facebook / Gshow / Reprodução

Publicada no Facebook, a imagem gerou quase 30 mil comentários, compartilhamentos e curtidas em apenas dois dias. A maioria critica a ausência de negras na postagem que exalta a diversidade feminina - a proporção oficial de negros (pessoas que se declaram pretas ou pardas, segundo o IBGE) representa mais de metade (50,74%) da população brasileira.

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O concurso do Faustão e a “diversidade dinamarquesa” da Globo

Procurada pela reportagem, a TV Globo disse inicialmente desconhecer a polêmica em torno da postagem. Após o contato da BBC Brasil, a emissora afirmou, por e-mail, que "o post não reflete a totalidade das participantes do quadro".

A produção do programa afirma que "o Domingão do Faustão, assim como toda a programação da Globo, repudia qualquer tipo de preconceito" e que o objetivo do concurso "é ter um painel da mulher brasileira no corpo de balé".

Mas não foi assim que a publicação foi percebida por milhares de internautas - muitas delas mulheres negras. A opinião de uma jovem de São Paulo sobre o caso ganhou destaque na página e rendeu, sozinha, mais de 9 mil curtidas:

"Onde está a diversidade nessa foto?", diz. "Por esse motivo e outros, que quando aparece uma pessoa negra nas programações da Globo acontece todo um movimento racista, porque na verdade não são todos Maju!", conclui.

Ela se refere à sequência de comentários racistas publicados em redes sociais contra a "garota do tempo" do Jornal Nacional, Maria Julia Coutinho. Logo após o episódio, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos criaram a campanha #somostodosmaju, em defesa da colega e contra o preconceito.

"Gatas para todos os gostos"

As críticas contra a publicação se baseiam em três eixos: alegações de racismo, pela ausência de negras na postagem, machismo, pelo termo "mulheres para todos os gostos" e "hipocrisia", por conta da aparente contradição entre a campanha #somostodosmaju e a representação majoritariamente caucasiana no balé do programa.

Questionada, a emissora não comentou as referências feitas à campanha em defesa de Maju.

Post foi alvo de críticas no Facebook
Post foi alvo de críticas no Facebook
Foto: Facebook / Gshow / Reprodução

"Vocês só criticam, mas quando vão deixar a preguiça de lado e analisar a situação por toda? Será que vocês conseguem abrir o link e calar os dedos?", questionou a seguidora Bianca Cardoso, que defendeu publicamente a postagem. "Vocês verão que tem sim a tal diversidade, está separado em grupos, ruivas, morenas, loiras. Nos poupe", disse.

No texto sobre o concurso, publicado no site Gshow (página oficial sobre a programação da TV Globo), as 60 candidatas a integrantes do balé do programa dominical aparecem divididas em cinco fotos de acordo com a tonalidade do cabelo e da pele. Das 60, apenas seis são negras. Aparecem por último na página com a legenda: "A beleza negra também está bem representada".

As fotos separadas ilustrariam o termo "gatas para todos os gostos", um dos principais alvos de críticas. A internauta Míriam Rebeca questionou: "Mulher é produto de prateleira pra ficar agradando homem consumidor?".

"Parece que tá falando de um objeto, de um pedaço de carne", escreveu Vanessa Fogaça Prateano. A BBC Brasil levou as críticas sobre machismo à equipe de comunicação do Domingão do Faustão, mas não obteve resposta.

Confira as perguntas enviadas pela BBC Brasil e a resposta da TV Globo:

BBC Brasil:

Como o programa responde a estas críticas – o que quis dizer com "diversidade" e "todos os gostos"?

Sugerir "diversidade" em uma foto só com mulheres louras num país majoritariamente preto e pardo foi um erro? Alguma justificativa para a ausência de negras, orientais, morenas?

Falar em "mulheres para todos os gostos" implica, na opinião de leitores, uma postura machista. A TV concorda?

Há algum plano de alterar o formato do programa com as dançarinas com pouca roupa ao fundo, alvo de diversas críticas nas redes?

A reportagem, dentro do site Gshow, mostra outros tipos de beleza: separadamente, aparecem ruivas, louras, morenas, castanhas e negras (nessa ordem). Há 6 negras em 60 mulheres, e elas estão no final do post (o percentual na população é maior que 50%). Algum comentário?

O comentário mais curtido (com mais de 8 mil likes) é bastante crítico e lembra da campanha #somostodosmaju. O balé do Faustão não contradiz a campanha do JN?

Equipe de Comunicação da TV Globo:

"O concurso Bailarina do Faustão tem como objetivo buscar novas bailarinas para o corpo de balé do programa. Durante a competição, o que se avalia é o talento para a dança, a capacidade de comunicação, carisma, desenvoltura da participante, independente de sua etnia ou característica física. A ideia é ter um painel da mulher brasileira no corpo de balé. Como você mesmo diz, o concurso, pelo voto popular, já selecionou 12 mulheres, com grande diversidade. O Domingão do Faustão, assim como toda a programação da Globo, repudia qualquer tipo de preconceito. O post não reflete a totalidade das participantes do quadro."

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