Constrangedor esnobismo de Rodriguinho é um tapa na cara dos fãs do 'BBB'
Boninho deveria dar oportunidade a famosos realmente interessados em jogar para vencer
“Cara, longe de mim desmerecer esse programa e esse prêmio. A gente tá no maior programa do Brasil, na maioria audiência do Brasil. Mais da metade do Brasil queria tá aqui, concorda? Só que é o seguinte, eu vou na televisão desde os meus 10 anos de idade. Três ‘milhão’, com todo respeito, o que eu deixei de show é isso, pra tá aqui. Então assim, legal pra caralho. Emocionado? Não. Emoção? Não. Emoção de quê?”
A declaração de Rodriguinho é autoexplicativa. Mas se ele já se considera suficientemente famoso e rico, o que foi fazer ali, em uma atração popular com maioria de anônimos pobres? Não interessa a ele a visibilidade e o prêmio? Por qual razão topou se arriscar em rede nacional?
Um caso de autopunição baseada no masoquismo freudiano? Seria necessário um divã para uma análise profunda. Ninguém aceita a perigosa superexposição no ‘Big Brother Brasil’ se não estiver a fim de se tornar famoso, reconquistar o sucesso ou sair do aperto financeiro.
Nenhum competidor vai a passeio, menos ainda um artista com carreira longa. O risco de dano irreversível à imagem é imensurável. Alguns que entraram bem mais populares do que Rodriguinho e experimentaram o sabor amargo do cancelamento precisaram de terapia após a eliminação e não se recuperaram totalmente.
Ainda que tente envernizar seu discurso com humildade, o pagodeiro transmite arrogância, inclusive ao menosprezar a campeã da temporada anterior, Amanda Meirelles (“Ninguém sabe quem é”).
Merece estar no ‘BBB’ quem é apaixonado pelo formato e se dispõe a dar a cara a tapa. Parafraseando Tiago Leifert: se não quer brincar não desça para o play. Fique em casa, ceda o lugar a outra pessoa.
A verborragia pernóstica do cantor é um desrespeito aos demais participantes (ávidos pela grande chance de mudar de vida), à Globo (que oferece a ele a maior vitrine do país) e, especialmente, ao telespectador disposto a apoiar jogadores empolgados e diligentes. O público não merece um competidor esnobe e apático. “Eu quero que se dane o Brasil”, disse Rodriguinho ao comunicar que não se esforçaria para atender ao Big Fone. “Eu não atendo. Dane-se a internet.”
Sempre atenta, a web ouviu o recado – e reagiu. Há crescente antipatia e forte movimento pela eliminação dele. Tem sido chamado de ‘Karol Conká do BBB24’, em referência à cantora que desempenhou o papel de vilã e rainha do pedantismo na 21ª edição.
A presença de Rodriguinho no reality show ressalta o método falho da equipe de Boninho ao escalar o Camarote. O ‘BBB’ não deveria desperdiçar vaga com participantes indispostos a se atirar na brincadeira, como Brunna Gonçalves, Tiago Abravanel, Aline Wirley e agora o ex-vocalista de ‘Os Travessos’. Há uma fila de artistas e subcelebridades dispostos a investir toda a energia na competição.
Ainda que afirme não se emocionar por fazer parte do maior reality show da televisão brasileira, Rodriguinho mostra que deixou o anônimo Davi ‘alugar um tríplex na sua mente’, como afirmam as redes sociais. Suas palavras e atitudes contradizem o suposto desinteresse pela disputa. Para que ele não se chateie muito, parte relevante do público parece disposta a fazer o favor de tirá-lo em breve. E então ele poderá voltar aos seus milhões.