Crise? Dívidas? Risco de falência? Por que a Globo não para de demitir
Emissora da família Marinho acelera a reestruturação interna após acumular prejuízo em dois anos apesar de o faturamento ter crescido
Sem delongas, a resposta para a pergunta do título: enxugar a folha de pagamento para voltar a lucrar.
O Grupo Globo faturou cerca de R$ 29 bilhões em 2021 e 2022, porém, o aumento de receitas não foi suficiente para cobrir as despesas. O binênio terminou com prejuízo de R$ 210 milhões.
No vermelho, a maior companhia privada de mídia do Brasil decidiu acelerar o corte na carne, iniciado com demissões pontuais antes da pandemia. A onda de dispensas se intensificou no ano passado e ainda não terminou.
A primeira etapa foi marcada pela não renovação de contrato de vários atores e apresentadores de diferentes gerações. Agora, o alvo são os jornalistas com salário mais alto, principalmente repórteres veteranos com 20, 30, até 40 anos de empresa.
Chegou ao fim a era dos altos salários no canal mais rico e líder em audiência do País. Dos remanescentes, uma parte terá de aceitar redução nos ganhos. Somente alguns privilegiados considerados imprescindíveis – a exemplo de William Bonner, âncora e editor-chefe do ‘JN’ – continuarão a ganhar cifra acima de R$ 1 milhão.
Voltar ao azul é a meta imediata da Globo a fim de não precisar cortar os investimentos previstos, especialmente em plataformas digitais como o Globoplay. A direção do grupo sabe que precisa diversificar o negócio e apostar fortemente no on-line para depender cada vez menos dos resultados da TV aberta, ainda forte, porém, com futuro incerto.
A Globo tem dívidas em dólar sob controle. Com a antecipação de pagamentos no ano passado, os próximos vencimentos de quantias maiores serão apenas em 2030 e 2032. Há substancial reserva em caixa (mais de R$ 10 bilhões) e boa avaliação das principais agências de risco, como a norte-americana Fitch. Não existe risco de crise financeira, muito menos de falência.
Em um mundo com economia instável, onde até a Europa sofre com o aumento da inflação, a principal companhia de mídia brasileira age rápido para se adequar à realidade. Com menos funcionários e colaboradores, prevê equilibrar as finanças e se preparar para novos desafios.