Decepcionante, ‘A Fazenda’ termina previsível e com recorde negativo de audiência
Reality show teve excesso de vilões sem carisma e final carente de emoção graças ao favoritismo irreversível de Sacha
Sacha Bali campeão de ‘A Fazenda 16’ com 50,93% dos votos. Nenhuma surpresa. O resultado já era conhecido desde o início de novembro, quando os inimigos do ator começaram a ser eliminados e caiu sobre ele o manto de perseguido e injustiçado.
Os telespectadores o abraçaram, assim como fizeram com Davi Brito no ‘Big Brother Brasil 24’. Venceu menos por seus atos, e mais pelo comportamento equivocado dos rivais, incapazes de perceber que o tornavam, semana após semana, favorito ao prêmio de R$ 2 milhões.
A edição girou em torno das repetitivas provocações a Sacha e seus aliados, com vários momentos de extrema agressividade à saúde mental dos participantes, tanto que houve duas desistências (Fernanda e Zaac), mas não chegou a ser violenta como a 14ª temporada.
Em alguns anos, o reality show da Record entrega mais entretenimento do que o ‘BBB’. Desta vez, falhou. Arrastou-se a partir da metade, como uma novela que gasta toda a história no começo e passa a enrolar até o último capítulo.
Faltou romance, bom humor e emoção. Um dos trunfos do formato é a manipulação dos sentimentos – e, consequentemente, de quem assiste. A produção não soube ou não quis usar este recurso. Resultado: monotonia na maior parte do tempo.
A falta de graça se reflete na audiência. ‘A Fazenda 16’ termina com média de 5,8 pontos, a pior da história do programa. Após recuperação na 12ª edição (média de 12,0 pontos), as temporadas seguintes registraram perda gradual de público. Em 4 anos, metade das pessoas desistiu de acompanhar.
Para recuperar o índice no Ibope, a direção do reality show terá de selecionar melhor o elenco na próxima vez. Ninguém aguenta mais ver desconhecidos que não rendem. Nenhuma vaga deveria ser desperdiçada com ‘planta’ que nem chega a ser subcelebridade.
Gente polêmica é sempre bem-vinda, porém, desequilibrados deveriam ser barrados. Há enorme diferença entre um competidor extravagante e desafiador e uma pessoa irascível e mentalmente doente. Não é nada agradável assistir a um show de terrorismo psicológico.
Um reality show de sucesso requer jogadores inteligentes e, de preferência, divertidos. Quando o público percebe perfis tediosos e a falta de ação, vai embora sem remorso. Por isso, realities criativos e ousados de plataformas de streaming chamam cada vez mais atenção e empolgam as redes sociais.