Demissões e mudanças na Jovem Pan News e CNN Brasil servem de alerta à GloboNews
Canais concorrentes na TV paga precisam sair da zona de conforto, fidelizar público e atrair mais anunciantes
Todo fim de ano acontece o 'passaralho', termo para as numerosas demissões em consequência do balanço financeiro das empresas de comunicação.
Deu prejuízo? O lucro foi baixo? Precisa cortar custos para fazer investimentos no ano que vai começar? Simples: manda-se jornalistas embora.
Desta vez, a triste tradição ganha novos contornos com as movimentações na Jovem Pan News e na CNN Brasil.
O canal alinhado a Jair Bolsonaro sentiu o peso da derrota do presidente nas urnas. Seu dono, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, foi rápido na tentativa de desvinculação.
Saíram da emissora alguns dos maiores defensores do bolsonarismo raiz, como Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Guilherme Fiuza e Carla Cecato.
Aqueles que permanecem no ar foram orientados a evitar ataques virulentos contra Lula e o STF. O contundente discurso de direita foi suavizado na maior parte da programação.
A Jovem Pan News sofreu um baque com a suspensão da monetização de seus vídeos no YouTube por ferir o protocolo da plataforma contra a disseminação de desinformação.
Caso a punição seja mantida, a emissora poderá deixar de faturar em torno de R$ 1,5 milhão por mês. Para compensar a queda nas receitas, o departamento comercial busca novos anunciantes para os intervalos.
Perto da sede da Jovem Pan, também na Avenida Paulista, está instalada a CNN Brasil. O canal do bilionário Rubens Menin passa por profunda reformulação.
No dia 21 de novembro, a CEO Renata Afonso se demitiu. A partir daí, o novo presidente-executivo, João Camargo, determinou demissões, redução de custos e mudança na linha editorial.
A lista de dispensados inclui Monalisa Perrone, Boris Casoy, Gloria Vanique, Leandro Karnal, Kenzô Machida, Marcela Rahal e Sidney Rezende.
Algumas atrações do bloco 'soft' (notícias leves), implementado por Renata, serão substituídas por programas de 'hard news' (notícias do momento). A ordem é priorizar as informações sobre política e economia.
A cúpula da CNN Brasil quer se recuperar no Ibope, onde foi ultrapassada pela Jovem Pan News, e ampliar o faturamento com publicidade.
As mudanças nas concorrentes servem de alerta para a GloboNews. Apesar de ser líder no ranking de audiência, a emissora não é inalcançável.
Recentemente, a Jovem Pan News conseguiu encostar em seus índices de público em dias isolados. A concorrência na TV paga está mais empolgante do que entre as emissoras de sinal aberto.
Ainda que tenha promovido algumas novidades, como o vespertino 'GloboNews Mais', o canal de notícias da Globo peca pela falta de ousadia em sua grade.
Há exagerada repetição de matérias nos diferentes telejornais e a maioria dos comentaristas diz basicamente a mesma coisa. Falta pluralidade e confronto de ideias.