Democracia na TV: artistas têm o direito de apoiar Bolsonaro
Formadores de opinião simpatizantes do presidente eleito desafiam a classe artística sempre mais posicionada à esquerda
Silvio Santos, Ratinho, Roberto Justus, Regina Duarte, Marcio Garcia, Gusttavo Lima e Raul Gil estão alinhados publicamente a Jair Bolsonaro.
Manifestaram apoio ao próximo ocupante do Palácio do Planalto diante das câmeras ou na mídia. São exceções. A maior parte do meio artístico milita contra o presidente eleito.
Entre apoios declarados e defesas discretas, esses famosos bolsonaristas se tornaram alvo fácil de críticas por dar um voto de confiança a um político que representaria uma ameaça às liberdades individuais, ao livre funcionamento da imprensa, à conquista de direitos das minorias e ao financiamento público da cultura, entre outros riscos alegados por aqueles – conhecidos e anônimos – que se opõem a ele.
As figuras influentes da TV têm o direito de apoiar Bolsonaro, assim como qualquer outro cidadão. De apresentadores e atores não espera-se a isenção e a imparcialidade exigidas dos jornalistas.
As celebridades que revelam seu voto ou verbalizam posição partidária ou ideológica, seja de direita ou esquerda, precisam estar cientes de possíveis consequências: perda do público de pensamento contrário, conflito com a direção da emissora para o qual trabalham, redução da chance de fazer publicidade para grandes marcas e hostilidade na vida real e no ambiente virtual.
Outro efeito colateral pode ser a corresponsabilização em consequência de eventuais erros cometidos pelo político apoiado, seja ele quem for. O público e a imprensa são implacáveis ao associar um artista a determinado partido ou figura da política.
Dois exemplos: Claudia Raia sofreu retaliação durante anos por ter participado da campanha presidencial de Fernando Collor, posteriormente destituído por impeachment, e José de Abreu sofre ataques cotidianos devido à defesa que faz de Lula, ex-presidente preso após condenação por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A recente e tão polarizada eleição presidencial serviu para tirar os artistas da zona de conforto. Isso foi positivo. Eles, que têm imensurável poder de influência, podem desenvolver um papel valioso na sociedade ao encaminhar propostas, ajudar a fiscalizar o governo e servir de ponte entre a população e o poder.
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Fotos: Divulgação – Legenda: Raul Gil, Regina Duarte e Ratinho: coragem de contrariar os colegas críticos de Bolsonaro