Diretor que mandou Secco tirar calcinha disse a Xuxa: “Você não é ninguém”
Atriz precisou de terapia após cena de nudez na TV e apresentadora teve crise de choro na primeira reunião para assinar com a Globo
Duas revelações repercutidas nos últimos dias dão a dimensão de como os bastidores da TV podem ser tensos. No PodCats, Deborah Secco rememorou quando precisou ficar nua por ordem de um diretor.
“Minha primeira cena sem roupa me deixou muito (com vergonha). Foi com Daniel Filho, que é como se fosse um pai para mim... O cara que me ensinou tudo”, disse. “Ele que me chamou para meu primeiro grande papel na Globo. Chegou no camarim e falou ‘vai sem calcinha’. Eu falei ‘o quê?’, ‘vai sem calcinha’. Eu gelei, gelei, nem sei reproduzir em palavras o pavor que senti.”
A atriz interpretava Marina, uma garota sensual e ambiciosa em busca de um marido rico na novela ‘Suave Veneno’. Tornou-se ‘maria-chuteira’ ao se envolver com o jogador de futebol Renildo (Rodrigo Faro).
“Entrei no estúdio, aí ele falou ‘pronto, agora tira o roupão’. Eu tirei o roupão e fiquei dura, não conseguia me mexer. Ele falou ‘pronto, agora a gente já te viu pelada, relaxa e vamos fazer a cena’. Eu não conseguia. Ele tirou todo mundo do estúdio, ficamos só eu e ele e mesmo assim eu não conseguia, foi muito difícil. Fiquei travada.”
Após aquela situação dramática, Deborah Secco foi para a terapia. Diz que hoje grava cenas de nudez sem nenhum constrangimento. “Rompi todas as barreiras da nudez”, afirma.
Aliás, o corpo da artista já foi bastante explorado na teledramaturgia. Apesar da superexposição, ela sempre conseguiu colocar o talento à frente da beleza.
O mesmo diretor provocou choro compulsivo em Xuxa Meneghel, segundo contou a própria apresentadora no primeiro episódio da série ‘Xuxa, o Documentário’, produzida pelo Globoplay e exibida em horário nobre da Globo. O trecho do relato viralizou no TikTok.
Um dia, após meses de insistência, o então diretor da Globo, Mário Luz Vaz, levou Xuxa, que fazia sucesso na TV Manchete, para conversar com Daniel Filho, à época no comando da área artística da emissora de Roberto Marinho. Na série, ela contou o que viveu a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-vice-presidente de Operações da Globo.
“Quando chegamos lá, o Daniel veio com a proposta dizendo que não queria mexer no ‘Balão Mágico’. Ele falava ‘Xuxa não é ninguém, você tem de esquecer essa passagem pela Manchete, essa coisa de infantil e tal. Quero você aqui como atriz, Maria da Graça, você não vai mais ser chamada como Xuxa’.”
A apresentadora reagiu indignada. “Eu levantei com o olho cheio de lágrimas. Imagina, eu que nasci Xuxa, ninguém me deu esse nome, eu nasci com esse nome. Falei pra ele ‘guarda bem esse nome, ainda vai ouvir falar muito dele’. Saí chorando dali.”
Tempos depois, Mário Lúcio levou Xuxa até Boni em um restaurante. Ali acertaram sua transferência para a Globo e a base do que seria o ‘Xou da Xuxa’, mais bem-sucedido programa infantil da televisão brasileira, no ar entre junho de 1986 e dezembro de 1992.
Com 86 anos, Daniel Filho é um dos nomes mais importantes da TV e, especialmente, da teledramaturgia. Trabalhou como ator, diretor, supervisor de direção e produtor na Globo ao longo de décadas. Sempre teve fama de gênio com personalidade difícil.
Comandou produções históricas como ‘Irmãos Coragem’, ‘Dancin’ Days’, ‘Malu Mulher’, ‘Confissões de Adolescente’ (onde lançou Deborah Secco à fama) e ‘A Vida Como Ela É’. Um dos últimos trabalhos na Globo foi a série ‘As Brasileiras’. Xuxa estrelou um dos episódios, ‘A Fofoqueira de Porto Alegre’.