Após fiasco de Babilônia, globais comentam rejeição a tramas
'Verdades Secretas' estreia dia 8 de junho com várias espécies de vilões e escancara o humano na TV. Será que a audiência está preparada?
Babilônia, atual novela das 21h da Globo, enfrenta uma rejeição quase histórica por parte do público. A baixa audiência fez a emissora encurtar a trama, reformular casais, deixar vilãs mais boazinhas, amenizar as brigas familiares e reduzir o apelo e retrato da homossexualidade. E é com esse clima de apreensão em levar para a tela as transformações sociais que Verdades Secretas estreia no próximo dia 8 de junho na faixa das 23h. Mesmo o horário permitindo cenas e temas mais ousados, Walcyr Carrasco - autor que mostrou o primeiro beijo gay na TV brasileira - e todo o elenco parecem preocupados com a aceitação da audiência. "O brasileiro não é conservador, temos ondas de conservadorismo", amenizou o autor em discurso durante a festa de lançamento da novela na última quinta-feira (28), em São Paulo.
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O enredo da nova novela mostrará o submundo das passarelas com modelos que recorrem à prostituição para salvar a carreira, se afundam nas drogas, além de vários personagens que não terão nenhum limite para conseguir dinheiro e poder. Verdades Secretas tem muito mais vilões que mocinhos, ali estará praticamente todo mundo correndo atrás do que quer sem importar o método para isso. "Essa é uma história totalmente fora da curva. O certinho não é o certinho. O bonzinho não é o bonzinho, estamos falando do humano e, quando se fala disso, somos bichos, temos que lembrar disso. Estamos falando dos sentimentos mais primários, de ética, de moral", explicou o ator Rodrigo Lombardi, um dos principais antagonistas.
O ator viverá Alex, um homem rico que não se arrepende de nada do que faz para ter o que acha necessário. Ele viverá um triângulo amoroso entre mãe e filha. Fanny, personagem de Marieta Severo, é dona de uma agência de modelos que convence as novatas a fazerem dinheiro com a prostituição de luxo. Reynaldo Gianecchini, dará vida a Anthony, dono de valores tortos que fará de tudo para manter o status de modelo famoso. Grazi Massafera será Larissa, uma top model que não aceita o fim da carreira e se acaba em drogas e sexo por dinheiro. Yasmin Brunet estreia na TV como Stephanie, uma modelo que não é flor que se cheire. Mas, em unanimidade, todos estes atores explicam que seus personagens não são vilões. Eles são pessoas com as quais esbarramos todos os dias que, no fundo, não se mostram perfeitas como imaginamos e, do jeito de cada uma, vivem seus dramas. Ou seja, o humano estará à flor da pele.
Mas será que o público, que cada dia se mostra mais conservador, está preparado para ver tudo isso escancarado assim na TV? Segundo Rodrigo Lombardi, sim. Ele encara as críticas e resultados de audiência como um sinal muito claro do sucesso de uma novela. "O público é muito melhor do que nós, eles estão muito na nossa frente. Se não aceitam, se evitam, é por que em algum momento erramos no humano. De repente saiu errado na forma ou no conteúdo", avalia.
Drica Moraes, a heroína absoluta de Verdades Secretas, não se preocupa muito com esse números, mas deixa claro que seu papel é levar para a tela os dramas das ruas da forma mais real possível. "A mim cabe fazer os personagens que estão na vida, não estão na novela, na Globo, eles estão no mundo. O julgamento, a aceitação, o ibope, a audiência, não está sob meu controle. Nem penso sobre isso, penso em fazer os personagens".
Já Marieta Severo, uma das atrizes mais consagradas da teledramaturgia nacional, e Reynaldo Gianecchini são radicalmente contra a arte e a ficção tirarem o pé do acelerador por causa do julgamento, às vezes até antiquado, do telespectador. "Acho que essas críticas censuram, acabam podando a história. Fico preocupado com isso", comentou o ator.
Marieta fez coro e mandou recado. "Eu espero que a ala conservadora deixe o Brasil em paz. Só isso. A gente já progrediu tanto, tem conquistas tão boas, acho doloroso perdermos isso e termos qualquer forma de censura. Acho que tem uma coisa chave na televisão que é desligar, mudar se vocês não querem ver. É claro que tem que ter uma adequação etária, não têm que ser mostradas certas coisas no horário que as crianças estão na sala, mas esse moralismo no ar não acho que seja útil, não é bom".