Emissora é multada em quase R$ 100 mil por exibir cena de suicídio em novela
Punição à portuguesa TVI incentiva a conscientização neste Setembro Amarelo sobre os cuidados com a saúde mental
Alerta: este texto contém informações que podem gerar sentimentos desagradáveis a quem possui algum transtorno mental.
A TVI, de Portugal, foi condenada a pagar 15 mil euros, equivalentes a R$ 93.500, por ferir a Lei de Televisão do país ao exibir conteúdo impróprio a crianças e adolescentes no horário nobre.
Em 2019, na novela ‘Amar Depois de Amar’, o estudante Tiago (Lucas Dutra), de 16 anos, veste a camiseta preferida, borrifa perfume, vai até a sala, sobe numa cadeira, olha no celular a foto da mulher mais velha por quem sofreu uma desilusão amorosa e encaixa seu pescoço em uma corda presa ao teto, improvisada com uma peça de roupa da ex-namorada.
Na sequência, o pai dele entra em casa. Quando encontra o filho pendurado, a imagem mostra as pernas do rapaz balançando. Aos prantos, o homem abraça o corpo inerte do filho. Incômoda a qualquer pessoa, a explicitude da cena poderia servir de gatilho a quem tem transtornos emocionais.
Segundo o portal da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a taxa de suicídio entre jovens aumentou 6% no Brasil entre 2011 e 2022, mais do que o crescimento dos casos na população em geral.
As autolesões em pessoas de 10 a 24 anos subiram 29% a cada ano nesse mesmo período. Muito antes da pandemia de covid-19, o país já vivia uma silenciosa e perigosa crise gigantesca de doenças psiquiátricas entre crianças, adolescentes e jovens.
Criada há 10 anos pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha Setembro Amarelo alerta sobre a prevenção ao suicídio. Segundo a entidade, em média 38 brasileiros tiram a própria vida por dia. Anualmente, são quase 14 mil óbitos.
“Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade”, diz comunicado da campanha.
Presente em cerca de 96% dos quase 70 milhões de domicílios do Brasil, a televisão deve usar seu poder de influência – no jornalismo, nos programas de variedades e nas novelas – para orientar o público a respeito dos canais de ajuda a quem está em sofrimento emocional e da importância de não discriminar a pessoa em tratamento psiquiátrico.
Atenção: você pode ligar gratuitamente para 188. Os atendentes do CVV (Centro de Valorização da Vida) estão disponíveis 24 horas para conversar, sem julgamentos ou críticas, respeitando os sentimentos de quem procura ajuda.
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