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Estratégia da Globo por mais lucro esvazia poder dos famosos

Nova política do canal segue um pensamento de seu fundador Roberto Marinho e prioriza quem aceita ganhar menos

27 mar 2022 - 10h14
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Angélica, Faustão, Juliana Paes e Galvão: "Adeus, Globo"
Angélica, Faustão, Juliana Paes e Galvão: "Adeus, Globo"
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

“Aqui, ninguém é insubstituível”, dizia Roberto Marinho. Quase 20 anos após a morte de seu fundador, a Globo transforma o lema em regra. A maior emissora do País acabou com a dependência de grandes nomes do entretenimento e do jornalismo.

Abriu mão de seu principal galã veterano (Antônio Fagundes), de uma atriz consagrada (Vera Fischer), de um autor de novelas de sucesso (Aguinaldo Silva) e de um apresentador icônico de programas de auditório (Fausto Silva), entre tantos outros exemplos.

Os contratos não foram renovados por questão financeira. Quem ganhava os maiores salários foi simplesmente dispensado ou recebeu proposta de redução drástica, até 80% do valor mensal. Muitos não aceitaram. Foram em busca de oportunidades mais rentáveis na concorrência, especialmente em plataformas de streaming.

A ordem da cúpula da Globo é reduzir gastos para aumentar os rendimentos. Nos últimos anos, o canal viu a margem de ganho real despencar. Em 2015, o grupo de comunicação da família Marinho teve lucro de R$ 3 bilhões. Apenas cinco anos depois, registrou R$ 167,8 milhões.

Para alcançar melhores resultados no balanço financeiro, a TV líder em audiência decretou o fim da era dourada dos contratos longos com salários altos. Poucos artistas tiveram o vínculo renovado. A maioria vai trabalhar por obra, com data certa para entregar o crachá e ficar disponível no mercado.

Por décadas, a Globo defendeu a ideia de que era imprescindível manter o maior número possível de estrelas e jovens revelações em seu banco de talentos. Os atores eram vistos como peças fundamentais para garantir o sucesso de novelas e séries.

Hoje, esse conceito não existe mais. Todos são “substituíveis”, como defendia Roberto Marinho. Houve um esvaziamento do poder e do status dos artistas de teledramaturgia. Passaram a ser apenas uma peça na engrenagem capaz de transformar um projeto em um grande êxito na TV.

No ano passado, a Globo não pensou duas vezes antes de dispensar Camila Queiroz, que ainda gravava a novela ‘Verdades Secretas 2’ para o Globoplay. Prata da casa, ela havia se tornado uma das poucas protagonistas da nova geração.

Em outros tempos, o canal aceitaria as exigências da atriz para mantê-la. Agora, o pensamento é que sempre há um profissional igualmente qualificado para o lugar. A mesma compreensão prevaleceu no caso de Galvão Bueno, que deixará a emissora em dezembro.

Em 2021, a Globo aplicou redução nos rendimentos do jornalista: de R$ 5 milhões para R$ 800 mil por mês. Chegou a oferecer um novo contrato, sem aumento salarial. Não houve acordo. Apesar de ele ser o grande showman das principais transmissões esportivas, a emissora foi fiel à nova política de economia máxima – a ordem interna é não se curvar a ninguém.

Ou melhor, há exceções. Uma delas, William Bonner. O âncora e editor-chefe do ‘Jornal Nacional’ ainda é visto como indispensável. Ainda não apareceu outro apresentador de telejornal capaz de fazer a Globo cogitar perdê-lo.

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