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Ex-bolsonarista, André Marinho vira o Bonner da Jovem Pan

Humorista cresce ao criticar e ironizar o presidente enquanto seu pai está à sombra de Flávio Bolsonaro no Senado

28 out 2021 - 13h39
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Ex-amigos, Bolsonaro e André agora se estranham na mídia
Ex-amigos, Bolsonaro e André agora se estranham na mídia
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República e Ique Esteves/Divulgação

No mundo da política, assim como nos bastidores da TV, o aliado de hoje pode se tornar o inimigo de amanhã. Aconteceu com Jair Bolsonaro e André Marinho.

O então candidato à Presidência tinha no jovem youtuber um fiel assessor e tradutor. Foi ele quem atuou como intérprete na conversa entre Bolsonaro e Donald Trump na eleição de 2018.

Agora, André virou um dos maiores críticos do ex-capitão. Integrante do 'Pânico', ele usa o espaço na mídia para debochar do presidente com imitações. O humor jocoso é sua arma.

Na quarta-feira (27), ele irritou Bolsonaro a ponto de fazê-lo abandonar uma entrevista à TV Jovem Pan News, no dia da estreia do novo canal de notícias disponível em operadoras de sinal pago.

Marinho já havia gerado manchetes em setembro, ao dar show durante jantar liderado pelo ex-presidente Michel Temer para celebrar o pacto de paz de Bolsonaro com o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Na ocasião, o comediante imitou vários políticos, incluindo o atual presidente. A viralização do vídeo aumentou sua popularidade e, aparentemente, o deixou mais estimulado a fazer oposição sarcástica.

Resta saber se continuará a ter total liberdade para desafiar Bolsonaro diante das câmeras da Jovem Pan News. A emissora nasceu associada ao bolsonarismo raiz.

A maioria dos apresentadores e comentaristas do novo canal são da rádio Jovem Pan, epicentro pró-direita na imprensa radiofônica.

O apoio ao presidente é tão explícito que transmitem sua live semanal e o próprio Bolsonaro elegeu a emissora como principal fonte de informação.

Caso a nova TV pretenda ser plural, a presença de André Marinho se faz imprescindível. Não apenas como contraponto à militância dos jornalistas bolsonaristas. Ele pode ser um ímã para o telespectador jovem, pouco interessado em consumir notícias pela televisão.

Um dos maiores desafios de qualquer emissora, seja de sinal aberto ou por assinatura, é conseguir criar uma nova geração de público

Ciente disso, a CNN Brasil investe no segmento 'soft' em sua programação, com jornalistas descolados em atrações de conteúdo ameno a fim de atrair a 'galera'.

Enquanto André Marinho se consolida como a versão jovem de William Bonner (igualmente hábil em contestar e enfurecer Bolsonaro, assim como o âncora do 'Jornal Nacional'), o pai dele aguarda por uma oportunidade de ouro na política.

Ex-apoiador do clã que ocupa o poder, o empresário da elite carioca Paulo Marinho é suplente do filho Zero Um no Senado. “Teu pai quer a cadeira do Flávio Bolsonaro”, disparou o presidente no embate com André na TV.

Na hipótese de Flávio precisar se afastar da função legislativa por vontade própria ou decisão judicial, o antigo aliado e agora grande desafeto Paulo Marinho assumiria o mandato.

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