Fala, VJ: Chris Couto e Marina Person revelam desafios e pioneirismos na MTV
Elas fizeram história na MTV Brasil nos anos 1990. Chris Couto e Marina Person são as entrevistadas do programa Fala, VJ do portal Terra, com a apresentação de Cazé Pecini. Neste episódio, as ex-VJ's da saudosa e principal emissora de música do país contam sobre suas trajetórias no canal, além de detalhes do que viveram por lá, dos desafios que enfrentaram e o pioneirismo sobre assuntos que eram tratados como tabus e que hoje ganharam força em discussões na sociedade.
O programa entrou no ar nesta quarta-feira (1) na homepage do Terra, bem como nos canais do portal no YouTube, TikTok e Facebook.
Com uma carreira consolidada no teatro, Chris Couto relembrou como seus caminhos foram abertos para que ela figurasse como um apresentadora da MTV para falar sobre cinema: "Eu estava fazendo uma peça, o Zeca Camargo estava assistindo a peça, me chamou para fazer um teste do Cine (MTV) e eu nunca tinha assistido a MTV. Eu lia Tchekhov, lia Shakespeare, Nelson Rodrigues… Eu tinha uma televisãozinha pequenina, aquela tipo rádio, preto e branco, essa era a minha TV na época em que foi fazer teste na MTV. Eu acho até que consegui passar no teeste por causa do teatro, eu realmente eu não pertencia aquele mundo, nunca tinha assistido a um clipe na minha vida, não sabia o que era a MTV", revelou.
Couto também revelou um divertido perrengue no inicio do Cine MTV: "Eu eu sou a Christiane Couto com o cine "emetevê" no ar. E a Jaqueline gritou lá de trás: é "MTV"", risos.
Já Marina Person fez questão de enfatizar que pautas voltadas ao feminismo já eram discutidas na emissora naquela época: "De alguma forma a gente era feminista, tínhamos pautas feministas, o "Meninas Veneno" era um programa super feminista, mas sem esse nome porque esse novo feminismo começou a ser nomeado, debatido e mais elaborado no sentido do discurso muito mais recentemente, a partir de 2014 quando começamos a falar: "Não, gente, tem alguma coisa errada aqui: mulher tem que ganhar igual a homem".
Pioneirismo na MTV
Ela também cita o pioneirismo quando o assunto era LGBTQIA+ : "Falávamos disso em todos os programas de sexo (na MTV), tínhamos programa de sexo o que já era incrível, acho que éramos muito avançados na pauta LGBTQIA+", explica. "O que mais me emociona quando percebo o que fizemos lá, tinha tido esse impacto na vida das pessoas, esse poder libertador, de existência. Falar sobre sexo abertamente era uma coisa nova, ousada, de alguma forma transformou a vida de muita gente para melhor".
Contudo, Person faz um mea culpa ao falar sobre a luta contra o racismo, no que poderia ter avançado na MTV: "O que eu acho que a gente falhou, de fato, foi na questão do racismo. Não tivemos a força, vontade, ou o empenho necessário em fazer, por exemplo, com que a gente tivesse mais VJ's negros, mais pessoas negras trabalhando em funções de altos cargos. Abraçamos muitas bandeiras, mas nesse aspecto talvez a gente tenha falhado. Eu acho que nós fizemos pouco. E eu tomei conhecimento", disse.
Outro momento importante da entrevista é quando Marina Person fala sobre o episódio de perseguição e ameaça que sofreu quando era apresentadora da emissora: "Quando comecei a fazer o programa 'Meninas Veneno', que falava sobre comportamento e de sexo, identificamos um homem que tinha uma obsessão sexual, ele projetva isso em mim porque eu falava muito sobre isso e esse cara inventava umas histórias dizendo que eu tinha seduzido ele, abandonado ele e ele começou a fazer algumas ameaças graves, tanto que fomos à delegacia para entrar com uma ação restritiva".
A exibição do Fala, VJ será semanal em sua primeira temporada, que contará com reprises e publicações nas redes sociais do Terra, totalizando a reprodução de 17 programas, com duração média de 1 hora.
Assista ao episódio com Chris Couto e Marina Person: