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Fim de ‘Orgulho e Paixão’: beijo gay marca trama de época

Novela será lembrada pela ousadia ao debater a homofobia do início do século passado que se arrasta até hoje

24 set 2018 - 15h08
(atualizado às 15h13)
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O desfecho de Orgulho e Paixão, a ser exibido nesta segunda-feira (24), resulta em balanço positivo para o trabalho do autor Marcos Bernstein, do diretor Fred Mayrink e suas respectivas equipes.

Luccino e Otávio: final feliz após a dor e o medo provocados pela intolerância da sociedade
Luccino e Otávio: final feliz após a dor e o medo provocados pela intolerância da sociedade
Foto: TV Globo / Divulgação

Foi uma novela das 18h com qualidade dramatúrgica acima da expectativa. Os clichês de folhetim foram tratados com criatividade.

O telespectador acompanhou uma mocinha espirituosa, Elisabeta (Nathália Dill). Ela sofreu muito, mas também foi perspicaz e até aventureira – não é todo dia que se vê uma heroína com figurino de época se equilibrando em cima de um vagão para salvar o trem e os passageiros.

Quem gosta de uma boa vilã divertiu-se com a sempre competente Natália do Valle na pele da perversa e cínica Lady Margareth.

Gabriela Duarte, envelhecida pela caraterização para viver a austera Julieta, oxigenou a carreira com um tipo ainda inédito em sua galeria de personagens.

Enfim, Orgulho e Paixão apresentou um enredo agradável, com atuações vigorosas e momentos de delicioso humor brejeiro. 

Muitos deles orquestrados por Ofélia, a matriarca das Benedito. Sua intérprete, Vera Holtz, merece mais papéis cômicos na TV.

Mas a novela ficará marcada pelo passo à frente contra a homofobia. O casal formado pelo mecânico Luccino (Juliano Laham) e o capitão do exército Otávio (Pedro Henrique Müller) roubou a cena, com o perdão do chavão.

Os dois protagonizaram o primeiro beijo gay numa novela das 6 da tarde. Um avanço relevante em tempos de intolerância generalizada no País, especialmente contra a diversidade sexual e as liberdades individuais.

Foi um beijo discreto, à meia-luz, que jogou um clarão sobre o sofrimento vivido diariamente pelos LGBT+. Houve depois um segundo beijo, igualmente poético e, ao mesmo tempo, politizado.

Luccino e Otávio retrataram questões como a eventual dolorosa autodescoberta da homossexualidade, a rejeição em família, o iminente risco de violência homofóbica e, por fim, a força brotada do amor para que se enfrente todos esses obstáculos.

Inserido com destreza no roteiro, o romance gay não gerou protestos raivosos como ocorreu em outras novelas. O público de Orgulho e Paixão acreditou no sentimento verdadeiro que pode unir duas pessoas do mesmo sexo. Desta vez, a ficção fez muito bem à vida real.

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