Globo deve ser mais rápida e transparente em casos de assédio moral e sexual
Canal acumula episódios tratados em sigilo e com pouco esclarecimento ao público
José Mayer, Marcius Melhem, Dani Calabresa, Roberta Rodrigues e André Gabeh foram alguns profissionais da Globo envolvidos, como vítima ou acusado, em denúncias de assédios moral ou sexual ocorridos em algum departamento da emissora.
Houve questionamentos da imprensa e do público após os casos serem expostos. O canal respondeu sempre de maneira burocrática, com poucas informações, alegando sigilo das investigações do Compliance, setor responsável por zelar pelas questões éticas na empresa, incluindo o respeito entre todos os funcionários da hierarquia.
Ainda que não deva realmente ser feita a superexposição dos envolvidos, nem conclusões precoces, a emissora precisa ser mais transparente com seus telespectadores e a sociedade em geral. Mesmo sendo uma empresa privada deve explicações por usar uma concessão pública de TV.
A denúncia em evidência, de intolerância e perseguição de atores do ‘Vai que Cola’ ao roteirista André Gabeh, segue a dinâmica das anteriores: boatos, matérias com diferentes versões, uma nota padronizada e nada elucidante do Multishow (pertencente ao Grupo Globo) e, novamente, a sensação de que houve demora em intervir na situação que provocou sofrimento psicológico no denunciante.
Mais uma vez, a impressão de que foi necessário levar o caso à mídia, aumentando a crise, para que os responsáveis por administrar as condutas impróprias agissem com desejáveis rapidez e firmeza.
Nos bastidores de qualquer emissora há fogueira de vaidade, guerra de egos e disputa por grandes e pequenos poderes. Cabe às instâncias superiores administrarem comportamentos incompatíveis com seu código de ética e eventualmente aplicar punição exemplar.
Diante e atrás das câmeras, uma TV precisa refletir o compromisso da sociedade em garantir dignidade e respeito profissional à pessoa, seja ela um artista consagrado ou um colaborador anônimo, e dar visibilidade às queixas e consequentes averiguações para não restar suspeita de omissão e impunidade.