Globo perde 6 importantes jornalistas em apenas 6 meses
Torna-se comum profissionais saírem do canal em busca de mais reconhecimento, melhor salário ou paz de espírito
Para a maioria dos jornalistas, trabalhar na Globo é um sonho, um projeto de vida. Então por que tantos profissionais de jornalismo deixaram a emissora nos últimos tempos? Simples: ter um crachá do canal líder em audiência não garante a plena realização.
Muitos se sentem estagnados, sem oportunidade de ascensão a postos mais altos com remuneração maior. Outros se decepcionam com o ambiente de trabalho tóxico, marcado por extrema concorrência na conhecida guerra de egos existente em toda redação de TV.
Entre os insatisfeitos, alguns têm coragem de dizer “tchau, Globo” para assumir novo desafio em outra emissora ou investir em qualidade de vida. Não deve ser fácil abrir mão de ser um global, condição tão invejada e prestigiada. Por isso, os jornalistas que cometem tal ousadia merecem destaque.
A mais recente a deixar a emissora da família Marinho foi Anne Lottermann. Era apresentadora da previsão meteorológica no ‘SP2’ e no ‘Jornal Nacional’. Aparecer diariamente no horário nobre da TV mais assistida do País não a impediu de aceitar um convite para ser coapresentadora do programa de Faustão na Band, a partir de janeiro.
O lugar que foi ocupado por Anne é bastante cobiçado na Globo porque serve como trampolim. Algumas ‘moças do tempo’ conquistaram posições no topo do jornalismo. Entre elas, Sandra Annenberg, Patrícia Poeta e Maju Coutinho. Na Band, Lottermann estará mais em contato com o entretenimento do que com as ‘hard news’ (notícias mais importantes do momento).
No início de novembro, Veruska Donato pediu demissão na Globo São Paulo. Alegou cansaço extremo pela cobertura da pandemia de covid-19. Ficou 21 anos na emissora. De volta à cidade natal, Campo Grande (MS), foi contratada pela Record TV.
Outro motivo para a saída da veterana jornalista foi a frustração. Veruska criou várias ideias de quadros, porém, não conseguiu emplacar um projeto solo. Foi derrotada pela concorrência interna. Desenvolveu depressão e ansiedade.
Em outubro, a direção da GloboNews foi surpreendida com o pedido de demissão de Nathalia Toledo. A jornalista estava em ascensão no canal. Havia menos de 1 mês tinha estreado como coapresentadora do ‘Jornal das 10’. A cobiçada visibilidade no horário nobre não foi suficiente para aplacar sua insatisfação.
“Tempo de rever prioridades, trocar as lentes, buscar um novo estilo de vida – enquanto há tempo”, escreveu em post de despedida. Desde que se afastou do vídeo, Nathalia tem compartilhado fotos de viagens e da prática de yoga. Uma rotina bem distante do estresse nos bastidores da TV.
Outra jornalista que deixou o Grupo Globo quando vivia boa fase foi Adriana Perroni. Além de repórter, era plantonista na apresentação de telejornais. Após seis anos na GloboNews, se demitiu para aceitar proposta da Record TV, onde se tornou uma das titulares do ‘Boletim JR 24h’. Ela também tem feito matérias para o ‘Jornal da Record’.
Junho foi o último mês de Juliana Rosa na GloboNews. “Depois de 20 anos, aceitei novo desafio”, anunciou na ocasião. Ela fazia parte do time de comentaristas de economia. Atuava principalmente nos telejornais ‘Edição das 16h’ e ‘Edição das 18h’. Trabalha agora na Band e Band News.
No mesmo mês, uma das repórteres mais experientes da Globo, Tatiana Nascimento, com 26 anos de casa, despediu-se dos colegas e do público. Trocou a correria do Rio de Janeiro pela tranquilidade de Lisboa. A alegria demonstrada em fotos recentes no Instagram mostra ter feito uma troca acertada.
Pelos cochichos nos corredores, há muito mais gente descontente nas redações da Globo e GloboNews. Não será surpresa se outros profissionais relevantes saírem nas próximas semanas e meses. Está mais do que provado: o sonho de ser global não dura para sempre.