Globo pressiona Poderes a punir Eduardo Bolsonaro por tweet
Nota lida no ‘JN’ diz que deputado faltou com “decência” ao ironizar tortura sofrida por Míriam Leitão na ditadura
Na edição de segunda-feira (4) do ‘Jornal Nacional’, William Bonner serviu de porta-voz do Grupo Globo a fim de exigir a punição do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O âncora leu uma nota emitida pela cúpula da empresa da família Marinho “Foi repugnante, ofensiva e absolutamente inaceitável a manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro, que fez referência à tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, colunista de ‘O Globo’, durante a ditadura militar.”
Na sequência, ele contextualizou a ofensa cometida pelo filho Zero Três do presidente Jair Bolsonaro. “Em post publicado em uma rede social, contestando uma crítica feita por Míriam ao presidente Jair Bolsonaro – ela o chamara de ‘inimigo confesso da democracia’ –, Eduardo Bolsonaro zombou de um dos episódios mais dramáticos e cruéis da vida dela: a tortura a que foi submetida nos porões da ditadura enquanto estava grávida.”
(Em 1972, quando tinha 19 anos, Míriam foi presa por ser militante de esquerda. Certo dia, seus algozes a trancaram em uma sala escura com uma jiboia. “Ainda com pena da cobra”, debochou o parlamentar no Twitter.)
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Visivelmente indignado, Bonner prosseguiu com a leitura. “A manifestação do deputado deve ser repudiada com toda a veemência. É incompatível não apenas com o que se espera de um detentor de mandato popular, mas sobretudo com a decência e o respeito humanos. Merece, além do repúdio firme, providências das instituições obrigadas constitucionalmente a zelar pelo Estado de Direito.”
O trecho final deixa evidente a pressão da Globo – maior grupo de comunicação e mídia do Brasil – para que os Poderes Legislativo e Judiciário não deixem Eduardo Bolsonaro impune.
Não é a primeira vez que o ‘JN’ abre espaço para defender Míriam Leitão contra o ataque de um Bolsonaro. Em julho de 2019, o presidente disse que a veterana jornalista havia mentido sobre a tortura sofrida na ditadura.
Horas mais tarde, a âncora Renata Vasconcellos leu uma nota de repúdio na qual Jair Bolsonaro foi chamado, nas entrelinhas, de mentiroso.
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