Globo terá marido gay e no Canal Viva, paizão sai do armário
Nova novela das 21h e reprise de sucesso expõem vida dupla de homens acima de qualquer suspeita
O dramaturgo britânico Oscar Wilde foi hábil em comentar um paradoxo da sexualidade humana. “Neste mundo, há apenas duas tragédias: a de não satisfazermos nossos desejos, e a de os satisfazermos”, escreveu o autor de ‘Um Marido Ideal’.
As consequências de atender ao chamado da natureza sexual estarão em evidência em duas novelas produzidas pela Globo com uma diferença de 20 anos.
Em ‘O Outro Lado do Paraíso’, no ar a partir de segunda-feira (23) às 21h, o psiquiatra Samuel (Eriberto Leão) finge ser machista e homofóbico para esconder sua homossexualidade.
Pressionado pela mãe, arruma um casamento de aparências com uma bela enfermeira, papel de Ellen Rocche. O médico passa a ter vida dupla, com direito a um caso amoroso com Cido (Rafael Zulu).
O autor Walcyr Carrasco, bissexual declarado, promete polemizar ao discutir a figura ‘marido gay enrustido’ e a pressão social para que todo homem forme a família perfeita, com esposa e filhos.
Exibida atualmente no Canal Viva, ‘Por Amor’, escrita por Manoel Carlos em 1997, apresenta uma situação inversa: um pai de família acima de qualquer suspeita se descobre gay e sairá do armário para viver a paixão por outro homem.
O dentista Rafael (Odilon Wagner) conhece na praia o atlético Alex (Beto Nasci) e, pouco a pouco, fica cada vez mais próximo do oceanógrafo muitos anos mais jovem.
Sensível e apaixonada, a esposa dele, Virgínia (Ângela Vieira), percebe o interesse do marido pelo rapaz e ainda tenta salvar o casamento bem-sucedido. Inútil.
No fim, Rafael, considerado um modelo de marido e pai, deixa a mulher e os dois filhos para viver com Alex.
Todo personagem fora do conceito cisgênero-heterossexual incomoda boa parte dos telespectadores e gera embates calorosos nas redes sociais.
Por oferecer novelas com tipos que representam a diversidade sexual – gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais –, a Globo é alvo de críticas e questionamentos.
Há quem detecte na teledramaturgia do canal a imposição ao público de conceitos como a ideologia de gênero (no qual cada pessoa define sua identidade sexual independentemente do sexo biológico) e a sexualidade fluida, quando o indivíduo pode sentir interesse sexual por qualquer gênero.
O autores da emissora afirmam apenas representar na ficção o que há na vida real. Cabe aos descontentes usar um poder individual: o controle remoto.