Gravação do assassino de Odete Roitman teve elenco ‘preso’ no estúdio da Globo
Final de ‘Vale Tudo’ foi editado horas antes de ser exibido e fez o Brasil parar diante da TV
Na manhã de 6 de janeiro de 1989, dezenas de atores de ‘Vale Tudo’ compareceram à sede da Globo no Jardim Botânico, zona sul do Rio. Vestiram o figurino dos personagens e foram colocados em salas à espera de ordens do diretor Dennis Carvalho.
Entre um cafezinho e outro, eles tentavam descobrir quem seria o assassino de Odete Roitman (Beatriz Segall). Após algum tempo confinados sem contato com o exterior, foram reunidos para um comunicado no cenário do flat de Marco Aurélio (Reginaldo Faria).
“Podem todos ir embora pra casa, muito obrigado. Quem é a assassina é a dona Leila”, anunciou Dennis. Intérprete da personagem, Cássia Kis (Kiss, na época) foi aplaudida pelos colegas. Coincidentemente, ela fazia aniversário naquela data: 31 anos.
Terminado o isolamento do elenco, o diretor foi para o switcher (a sala de controle). Beatriz, Reginaldo e Cássia gravaram a sequência da morte da mais famosa vilã da teledramaturgia brasileira.
Cerca de 8 horas mais tarde, a cena foi exibida no último capítulo de ‘Vale Tudo’, o de número 204. Chegava ao fim o mistério iniciado na noite de 24 de dezembro, véspera de Natal, quando a empresária recebeu três tiros sem que o autor dos disparos fosse mostrado.
Leila matou Odete por engano. Achou que atirava em Maria de Fátima (Gloria Pires), amante de seu marido. Foi um crime passional baseado em ciúme doentio. Fã da novela, o dono da Globo, Roberto Marinho, achou o desfecho “muito óbvio”. A maioria do público gostou.
Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, ‘Vale Tudo’ teve média geral de 61 pontos de audiência, 6 a mais do que a antecessora às 20h, ‘Mandala’. Em março de 2025 acontecerá a estreia do remake adaptado pela autora Manuela Dias e sua equipe de roteiristas. A expectativa é gigantesca, assim como o temor de decepção por eventuais descaracterizações na trama.