Horário eleitoral surpreende ao dar mais audiência que telejornal, novela e reality
Pesquisa mostra que o blá-blá-blá dos candidatos faz diferença especialmente entre os brasileiros que se informam sobre política pela TV
Antes, havia o entendimento de que a propaganda eleitoral obrigatória era um desastre para os canais de TV por mexer na programação (adiar, atrasar ou encurtar programas) e prejudicar o faturamento. Pura desinformação.
As emissoras têm direito à compensação fiscal pela cessão dos 10 minutos vespertinos e 10 minutos na faixa noturna aos partidos e seus candidatos. A lei 14.291, de 1995, indica que a média do faturamento do intervalo comercial será a base de cálculo para definir quanto cada canal poderá descontar dos impostos devidos à União.
Em relação aos números de Ibope, o falatório de postulantes a prefeito e vereador surpreende com bons índices este ano. No 1° dia, em 30 de agosto, a propaganda eleitoral das 13h às 13h10 na Globo teve mais público (10,5 pontos) do que o ‘Globo Esporte’ (10,0), o ‘Jornal Hoje’ (9,8) e o filme da ‘Sessão da Tarde’ (10,4).
Naquela mesma sexta-feira, à noite, o programa eleitoral das 20h30 às 20h40 gerou índice maior (19,7 pontos) do que as audiências da novela ‘No Rancho Fundo’ (19,2) e do reality musical ‘Estrela da Casa’ (13,3).
Na última segunda-feira (9), a propaganda da hora do almoço marcou 9,7 pontos de média, acima do desempenho do ‘Mais Você’ (7,1) e ‘Encontro’ (7,1), e empatou com o telejornal local da capital paulista, o ‘SPTV’.
Na faixa nobre, o bloco de promessas dos candidatos quase empatou com ‘Família é Tudo’ (ambos na casa dos 21 pontos) e ficou menos de 2 pontos atrás da estreia de ‘Mania de Você’. Ganhou da novela das 18h e das notícias locais. Todos os dados se referem à aferição realizada na Grande São Paulo.
Segundo analistas de política da TV, o horário eleitoral é capaz de influenciar na decisão de muitos telespectadores. Na disputa pela prefeitura de São Paulo, o atual ocupante do Palácio Anhangabaú, Ricardo Nunes (MDB) cresceu em intenções de votos segundo pesquisa do Instituto Quaest. Possuir a maior visibilidade na TV (65% do total da propaganda) seria um dos motivos do bom desempenho.
Entre os que se informam sobre política pela TV, o candidato de Jair Bolsonaro foi de 24% para 34%. Apoiado pelo presidente Lula, Guilherme Boulos (PSOL), com 24% do tempo no vídeo, oscilou de 18% para 22% neste segmento.
Pablo Marçal (PRTB), sem nenhum espaço na propaganda televisiva devido à baixa representatividade de seu partido no Congresso, caiu de 12% para 8%. Mais conhecido entre os candidatos por comandar programas policiais há décadas, José Luiz Datena, aparecendo somente 35 segundos por dia, despencou de 19% para 11%. Com praticamente o mesmo tempo no vídeo, Tabata Amaral (PSB) foi de 7% para 8%.
Neste recorte, a margem de erro do levantamento da Quaest é de 5 pontos.