JN chama Bolsonaro de “descontrolado” e Bonner se posiciona
Telejornal prefere não exibir imagens de ataque verbal do presidente contra repórter de afiliada da Globo
“Descontrolado, o presidente mandou a repórter calar a boca e insultou a Globo com palavrões”, narrou a âncora Renata Vasconcellos no ‘Jornal Nacional’ de segunda-feira (21).
O texto fez parte de ‘nota seca’ (sem imagens, no jargão jornalístico) a respeito da agressão verbal de Jair Bolsonaro contra a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da rede carioca no interior paulista.
O ‘JN’ repetiu a estratégia de não dar visibilidade ao presidente, como fez em incidentes anteriores. Apesar de ter o vídeo do episódio que viralizou na internet, o telejornal optou não exibir as imagens. Trecho da verborragia de Bolsonaro foi lido pela apresentadora.
Bonner deu voz à nota em conjunto dos dois canais atingidos. “A Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente à repórter Laurene Santos, que cumpria apenas o seu dever profissional”, disse.
“Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguarda.”
O comunicado ganha peso extra na leitura de Bonner. Ele é editor-chefe do ‘Jornal Nacional’, o mais poderoso jornalista da televisão brasileira e considerado um inimigo por Bolsonaro. O presidente já o xingou de “maior canalha” e “sem-vergonha” ao se sentir atacado por matérias do ‘JN’.
A repórter Laurene Santos reproduziu parte da nota nos Stories de seu perfil no Instagram. A jornalista recebeu manifestações de solidariedade de vários colegas de profissão, artistas, influenciadores e telespectadores da TV Vanguarda.
A emissora com sede em São José dos Campos tem entre seus sócios o ex-vice-presidente da Globo, Boni, e seu filho, Boninho, diretor-geral de sucessos como Big Brother Brasil e The Voice.