‘JN’ critica Bolsonaro duas vezes logo após o pronunciamento
Telejornal dá voz a cidadãos anônimos para contestar a posição antivacina do presidente e destacar o aumento da fome no País
A última edição de 2021 do ‘Jornal Nacional’ não poupou o presidente da República. Ele foi contestado explicitamente pelo conteúdo do pronunciamento transmitido antes de o telejornal começar.
“Na véspera de um ano eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento de seis minutos e meio, em cadeia de rádio e TV, com elogios aos seus três primeiros anos de governo, omitindo fatos negativos e distorcendo outras informações”, leu a âncora substituta Ana Paula Araújo.
O tom foi de reprovação ao que o ‘JN’ viu como oportunismo de Bolsonaro em busca de aprovação popular e votos. Na sequência, 50 segundos de imagens de panelaços em várias cidades do País, com gritos de “Fora Bolsonaro”.
Antes disso, na primeira matéria da noite, o telejornal já havia se posicionado contra o presidente. O repórter Paulo Renato Soares ouviu brasileiros anônimos na orla do Rio de Janeiro. Algumas frases escolhidas na edição fizeram contraponto ao pronunciamento.
“A gente teve a oportunidade de se vacinar e ver uma luz no fim do túnel nessa coisa caótica que vivemos na saúde”, disse uma entrevistada. “2021 foi o ano do aumento da desigualdade, da fome, das crianças ainda sem vacina, das ameaças à democracia. Mas nos ensinou a ficar atentos”, afirmou o repórter.
“Muita gente noticiando, espalhando fake news, desinformação. Espero que a gente tenha maior responsabilidade com as informações que a gente propaga. Que 2022 traga mais consciência”, refletiu um rapaz. “Vamos tentar vacinar essas crianças aí”, insistiu uma mulher. Em seu discurso na TV, Bolsonaro repetiu sua posição contra o passaporte vacinal e a obrigação de imunizar as crianças.
Alvo de frequentes xingamentos do presidente (“imprensa lixo”, “porca”, “nojenta”, “podre”, “imoral”, “canalha”), a Globo sinaliza que não irá recuar em sua linha editorial contra as polêmicas atitudes pessoais e ações institucionais de Bolsonaro. A guerra de nervos foi renovada para 2022.