‘JN’ dos 500 mil mortos critica aqueles que atacam a Globo
Vestindo luto, Bonner e Renata sugerem que “haverá consequências” a Bolsonaro a partir da CPI da Covid
Sábado, 8 de agosto de 2020. O Brasil chega a 100 mil mortos por covid-19 e o ‘Jornal Nacional’ faz editorial com cobranças a Jair Bolsonaro pela gestão do combate à pandemia no País. “O presidente da República cumpriu esse dever?”, questionou Renata Vasconcellos.
Sábado, 19 de junho de 2021, 315 dias depois. São 500 mil vidas perdidas para o coronavírus e o ‘JN’ apresenta novo editorial para contestar a competência e a falta de empatia de Bolsonaro. O telejornal sobe o tom contra o chefe do Executivo.
“No editorial que marcou as 100 mil mortes, nós dissemos que era preciso apurar de quem é a culpa. Dissemos textualmente que esse momento chegaria. Desde o início de maio, o Senado está investigando responsabilidades. Haverá consequências”, leu a âncora.
Editor-chefe do ‘Jornal Nacional’, Bonner aproveitou a ocasião para defender o trabalho da emissora. “Nós, do jornalismo da Globo, estamos há 1 ano e meio, com base na ciência, cumprindo o nosso dever de informar, sem meias palavras”, disse.
“Muitas vezes, nós pagamos um preço por isso, com incompreensões de grupos que são minoritários, mas barulhentos. Não importa. Nós seguimos em frente, sem concessões. E seguiremos em frente, sem concessões.”
Entenda-se por preço cobrado a hostilidade nas redes sociais e nas ruas contra jornalistas do canal. O próprio Bonner já foi xingado em público e perdeu a liberdade de ir e vir. Várias tentativas de boicote tentaram minimizar o poder de influência da TV do clã Marinho.
Ainda no editorial, o apresentador informou que o jornalismo da Globo continuará a seguir “o norte” da democracia. Ele e Renata vestiram preto em solidariedade às famílias enlutadas dos brasileiros e brasileiras mortos por covid.
De acordo com dados prévios da aferição da Kantar Ibope, o ‘JN’ teve audiência acima da média para um sábado. Logo nos primeiros minutos atingiu 25 pontos — prova do interesse do público na cobertura dos protestos contra Bolsonaro e em conferir a repercussão do meio milhão de óbitos.
Entre as grandes redes de TV, a Globo, a Band e a TV Cultura de São Paulo são as mais veementes contra a postura do presidente no enfrentamento da pandemia. Com cerca de 50 milhões de telespectadores a cada noite, o ‘Jornal Nacional’ se tornou quase um veículo oficial de oposição ao presidente.