‘JN’ reage às críticas por ter ignorado convocação da greve
O ‘Jornal Nacional’ sentiu o golpe. A repercussão negativa, especialmente nas redes sociais, por ter omitido a convocação da greve geral na edição de quinta-feira (27) fez o telejornal tentar limpar sua imagem ontem.
Após a exibição de matérias sobre os atos, com explicação das mudanças propostas nas reformas trabalhista e da Previdência, foi ao ar um VT destacando a cobertura realizada pela Globo e suas afiliadas ao longo da sexta-feira de manifestações pelo País.
Mostrou-se desde o primeiro boletim, às 4h da madrugada, ancorado por Gloria Vanique, até comentários a respeito dos protestos feitos por apresentadores de entretenimento, como Fátima Bernardes.
O principal telejornal da emissora fez um esforço para convencer o telespectador de que reportou a greve com imparcialidade. Ao mesmo tempo, foi uma indisfarçável peça de autopromoção do jornalismo da casa.
Na prática, o ‘JN’ errou ao não noticiar a convocação para os atos. No twitter, Flavio Fachel, âncora do ‘Bom Dia RJ’, apresentou uma justificativa.
“O que é notícia? O que acontece. E a greve? Se acontecer, a notícia é amanhã. #Jornalismo”, escreveu, pouco depois do fim do ‘JN’ de quinta-feira, quando a internet começou a contestar o jornalístico.
Teoricamente, está correto. Um fato precisa efetivamente ocorrer para gerar manchete. Contudo, a greve já era notícia muitos dias antes da data marcada.
Tanto é que movimentou a imprensa desde o início desta semana, gerando inclusive pautas, comentários e análises prévias na GloboNews. Não era questão de ‘se’ iria acontecer, mas como ocorreria.
No decorrer da sexta-feira, várias equipes da Globo e GloboNews enfrentaram gritos de ‘golpista’. Alguns repórteres chegaram a ser interrompidos durante a transmissão.
Parte da animosidade pode ser creditada justamente a essa postura ambígua do jornalismo global: afirma noticiar com total isenção ao mesmo tempo em que demonstra ser sectário ao ignorar informações relevantes.