JN se torna inimigo número 1 dos encrencados na Lava Jato
Foram cinco chamadas ao longo da edição de sexta-feira (9), algo atípico no roteiro do Jornal Nacional.
Desde a escalada (apresentação das manchetes do dia), o principal telejornal da Globo chamou a atenção do telespectador para o furo - notícia exclusiva, no jargão jornalístico - que seria apresentado a seguir.
Quarenta minutos depois de criar crescente expectativa, o JN enfim revelou detalhes da delação de um executivo da Odebrecht, Claudio Melo Filho.
Ele afirma ter participado de um esquema de caixa 2 envolvendo titãs da política nacional, inclusive o presidente Michel Temer.
O âncora Heraldo Pereira, que substitui William Bonner desde o dia 29, chamou o repórter Júlio Mosquéra no telão. De Brasília, o veterano jornalista fez um relato por seis minutos.
No final, lançou uma observação: "O depoimento ao qual o Jornal Nacional só teve acesso poucos minutos antes dessa edição tem 82 páginas e muitos detalhes que serão esmiuçados pelo jornalismo da TV Globo".
Mosquéra então anunciou que o telespectador teria novas informações nas edições seguintes do Jornal da Globo, do Jornal Hoje deste sábado e do JN de logo mais.
Poucas vezes se viu a emissora promover tanto um material. A notícia imediatamente repercutiu nos portais de notícias e nas redes sociais, com citação do Jornal Nacional como fonte. Imensurável propaganda para o telejornal.
Alvo de críticas de quem o considera tendencioso e até "golpista", o jornalismo da Globo não poupa Temer e a maioria de seus homens fortes no Planalto.
A emissora tem conseguido informações em primeira mão sobre as descobertas da Operação Lava Jato. Com cada vez mais espaço para a política, seus telejornais estão em ótima fase de audiência.
