Luciana Braga, de 'Vitória', sobre carreira: 'tive crises'
No ar em 'Vitória', a atriz falou sobre a nova personagem e as mudanças ao longo da carreira
Aos 51 anos – destes, 28 dedicados à tevê –, Luciana Braga ainda guarda o frescor de quem está começando. A voz suave, o brilho no olhar e a paixão na hora de falar sobre o trabalho chegam a impressionar. E é com carinho que ela conversa sobre Matilde, sua personagem em Vitória, da Record. No folhetim de Cristianne Fridman, a atriz interpreta uma dona de casa que, após se decepcionar com o marido Tadeu, de Leonardo Vieira, decide ir atrás dos próprios sonhos. "Ela é uma romântica moderna. Sabia que ia ter essa reviravolta, que ela ia querer se realizar de outra forma", explica. Em seu segundo encontro com a autora na sua trajetória na emissora, Luciana destaca a diferença entre suas personagens. Em Vidas em Jogo, exibida em 2011, ela encarnava uma vilã. "A semelhança é o humor que eu sempre tento colocar nos meus papéis. Sou uma pessoa alegre, gosto do colorido que o humor proporciona e procuro sempre encaixar alguma coisa desse tipo", revela.
Natural do Rio de Janeiro, Luciana começou a fazer peças de teatro aos oito anos. Em 1986, estreou na tevê na primeira versão de Sinhá Moça, na Globo. "Tinha muito preconceito com a tevê. Depois que descobri como é difícil, coloquei todos de lado", relembra. Mas foi três anos depois, em Tieta, que encontrou uma personagem de alta repercussão. Na trama de Aguinaldo Silva, a atriz interpretava a rebelde Maria Imaculada. "Ali foi um susto. A novela era uma febre, a audiência era estúpida, inimaginável nos dias de hoje. Me defendi muito do assédio, do sucesso. Nunca pensei em ser uma celebridade", afirma. Apesar da forte dedicação à tevê, o teatro continua sendo primordial em sua carreira. Por isso, ela já procura um texto para produzir para os palcos quando terminar Vitória, em meados de março. "É meu combustível. Aprendo muito e acho que ainda tenho muito para aprender", garante.
Neste ano, você completou 28 anos de carreira na tevê. O que ainda a motiva a encontrar novos personagens?
Luciana Braga: Amo minha profissão! Faço teatro desde os oito anos. Atuar é o que mais fiz na minha vida. Essencialmente, sou uma pessoa tímida, mas acredito que tenha vários tipos dentro de mim. Gosto muito de observar as pessoas e guardar um pouco delas dentro de mim. Essa coisa de pegar uma personagem e juntar a visão do autor, com a visão do diretor e com a minha em uma coisa só me fascina até hoje. É claro que tive crises ao longo do ano.
Como assim?
L.B.:
Todo mundo às vezes desanima, quer mudar de rumo. Acho que isso é inerente ao ser humano e a qualquer profissão. Desconfio de quem não tem dúvidas de nada. Eu tenho dúvidas de tudo, o tempo todo. Apesar disso, não penso em mudar de área. Nem de rumo. Já pensei em escrever, dirigir. Mas meu negócio é atuar. É o que eu gosto de fazer, é o que eu sei fazer.
Você parece ser muito crítica com o seu trabalho...
L.B.:
Muito! Detesto me assistir. Só o faço porque tenho de me cuidar. Às vezes, assisto de olho fechado, não gostando muito. Claro que isso vai melhorando. Em
Sinhá Moça, na minha estreia na tevê, em 1986, chorei copiosamente por 40 minutos para aceitar a minha imagem, a minha voz. É muito difícil se ver na tevê. Eu me sentia diferente do que estava vendo. Tive de aprender a me aceitar para fazer melhor. E é para sempre isso. É igual a terapia.
Vitória é seu quarto trabalho na Record. Como você avalia sua trajetória?
L.B.:
Acho que aqui consegui fazer personagens que dificilmente eu seria escalada para interpretar. Logo de cara, na minha estreia na Record, em
Poder Paralelo, encontrei uma oportunidade até então inimaginável para mim na tevê, se fosse pensar no biótipo que geralmente existe. Laila era uma traficante de escravas brancas que usava seu poder de sedução para dominar os homens. Eu tenho cara de bibelô, de personagem de época. Tenho essa coisa delicada no meu "layout". Depois, em
Vidas em Jogo,veio uma vilã maluca, engraçada. Foram tipos muito diferentes, que me desafiaram e me deram muito prazer.
Celeste, sua personagem em Vitória, teve uma reviravolta. Como você lidou com isso?
L.B.:
Já previa que isso ia acontecer. Ela é uma romântica, mas uma romântica moderna. Sabia que alguma hora ela ia precisar se realizar de outra forma que não fosse só vivendo apenas para o marido e para o filho. Acho que toda mulher passa por isso. O ser humano é muito complexo, precisa de muitos fatores para ser pleno. Ela começou a trabalhar no que gosta. E é uma coisa muito comum hoje em dia ter um blog. Acho ótimo a gente falar sobre isso, sobre a popularização e democratização do ato de escrever.
Vitória – Record – De segunda a sexta, às 21h30.