Lula faz graça ao explicar por que não atendeu a imprensa brasileira na China
Repórteres enviados à Ásia tiveram pouco acesso ao presidente e levaram um ‘chá de cadeira’ em coletiva
No ‘CNN Prime Time’, o âncora Márcio Gomes destacou o estranhamento geral causado por Lula ao evitar os jornalistas na visita à China.
O presidente cancelou na última hora sua presença na coletiva de imprensa onde faria uma avaliação da viagem. Os repórteres o aguardaram por 2 horas em um salão no Palácio do Povo.
No dia anterior, no hotel em Xangai, Bianca Rothier, correspondente da Globo e GloboNews na Suíça, tentou ouvi-lo. Foi ignorada e recebeu ordem de seguranças para se afastar.
Baseado em Londres, o enviado especial da CNN Brasil, Américo Martins, também não conseguiu uma declaração exclusiva do petista. Patrícia Vasconcellos, do SBT, só viu Lula à distância ao longo dos compromissos oficiais.
O presidente foi ao encontro de jornalistas apenas ao deixar o hotel em Pequim. Uma entrevista rápida em que ele se esquivou de polêmicas.
“Desculpa por não ter conversado com vocês, não foi possível. A agenda foi intensa e quando sobrava uma hora, eu tava o pozinho da rabiola. Eu não ia dar entrevista totalmente desconectado com a minha beleza”, disse, bem-humorado.
Ao encerrar, reclamou da derrota de 2 a 0 de seu time, o Corinthians, para o Remo pela Copa do Brasil. “Não tá certo.”
A maioria dos telejornais da noite de sexta-feira (14) não teve tempo de exibir o material da conversa de apenas 8 minutos antes da saída da comitiva para o embarque com destino a Abu Dhabi. A direitista Jovem Pan News transmitiu um trecho ao vivo.
Nas redações no Brasil, o incomum distanciamento do presidente foi interpretado como uma tentativa de evitar perguntas incômodas relacionadas ao governo de Xi Jinping.
Obviamente, Lula seria questionado a respeito da China sobre violação de direitos humanos, a ameaça de invadir Taiwan, o apoio à Rússia na Guerra da Ucrânia e a recente mudança na regra da Receita para taxar ‘contrabando digital’ (nas palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad) de empresas chinesas ao Brasil.
O que aconteceu é raro. Em viagem importante ao exterior, os chefes de Estado costumam aproveitar a presença da imprensa de seu País para propagar pontos positivos e, assim, ampliar o capital político e a popularidade.
Lula gosta de uma câmera e um microfone. Desta vez, evitou ao máximo o que poderia se tornar uma exposição prejudicial à sua imagem.
Nos últimos dias, a comunicação do governo federal recebeu críticas de comentaristas da GloboNews, Jovem Pan News e CNN Brasil.
Todos enxergam trapalhadas inadmissíveis que geram confusão no público e alimentam a máquina de narrativas da oposição no Congresso e da extrema-direita na internet. “Amadorismo”, disse Clarissa Oliveira no ‘Arena CNN’.