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Lula reclama dos donos da Globo em almoço com jornalistas

Petista não consegue ter com a direção atual da emissora a mesma relação cordial mantida com seu ex-inimigo Roberto Marinho

24 jan 2022 - 11h50
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Lula e o clã Marinho: relação tensa desse sempre 
Lula e o clã Marinho: relação tensa desse sempre
Foto: Blog Sala de TV

No dia 19 de janeiro, Lula concedeu uma entrevista coletiva a oito portais de notícias classificados de ‘independentes’ pelo PT. O encontro aconteceu no Hotel Grand Mercure, no Ibirapuera, em São Paulo.

Lula respondeu a perguntas por 2h15. Depois, os jornalistas almoçaram com o ex-presidente e pré-candidato ao Planalto na eleição deste ano. No cardápio, arroz, picanha e batatas rústicas.

Descontraído, o petista reclamou da maneira como os grandes veículos de imprensa cobriram o julgamento do caso do tríplex e agradeceu aos jornalistas de esquerda que o apoiaram.

Em certo momento, manifestou incômodo por não ter acesso à cúpula da Globo, segundo relato de José Cássio, do ‘DCM’. “Você falava com o Dr. Roberto Marinho, mas não fala com os filhos dele”, disse Lula.

Os três herdeiros diretos – Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho – compõem o Conselho Administrativo do Grupo Globo e comandam a empresa.

A direção da emissora líder de audiência sempre foi vista como simpática ao centro-direita e com aversão à esquerda. Quando questionado, o canal diz praticar jornalismo imparcial e isento.

Em 1989, Roberto Marinho exigiu a reedição de matéria do debate decisivo entre Lula e Collor. Tal manipulação beneficiou seu candidato, conhecido na época como ‘caçador de marajás’, e prejudicou o ex- sindicalista.

“Eu fui para o segundo turno, mas não ganhei porque a Globo me roubou”, avaliou o petista, anos depois. Por longo tempo, ele alimentou revolta contra o fundador da Globo. Fizeram as pazes após um encontro em Paris e uma reunião na sede de ‘O Globo’.

Em 7 de agosto de 2003, Lula se deslocou de Brasília até a mítica casa no Cosme Velho, no Rio, para participar do velório de Roberto Marinho. “Conhecendo melhor as pessoas é que a gente pode analisar o que leva essas pessoas a tomarem grandes decisões”, declarou na ocasião. Dali em diante, a relação com a emissora esfriou.

Em junho de 2019, ao ser entrevistado por Juca Kfouri e José Trajano para a TVT, na prisão em Curitiba, Lula fez acusações contra a emissora carioca. “A Globo é, na verdade, a grande mentora dessa panaceia toda (sua condenação pública)”, disse.

“A Globo transformou o combate à corrupção numa grade dela, em que o Lula é citado, sabe, em quatro anos, mais de 100 horas no ‘Jornal Nacional’.”

O petista afirmou que a TV do clã Marinho teve influência no resultado da eleição presidencial de 2018. “O objetivo da Globo, embora não goste do Bolsonaro, era não ter o PT.”

Lula revelou a vontade de “sentar na frente do (William) Bonner” a fim de contestá-lo por matérias no ‘JN’. “Queria a chance de poder dizer a ele: ‘Você mentiu’.”

A Globo e Bonner jamais responderam aos ataques do ex-presidente nem abriram espaço a ele na programação. O mesmo acontece com Jair Bolsonaro, ignorado toda vez que pediu para ser entrevistado no canal.

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