Lula recusou convite do Flow por temer polêmicas de Monark
Declarações do apresentador sobre nazismo fizeram a internet relembrar opinião controversa do ex-presidente a respeito de Hitler
Assim que explodiu a repercussão negativa da fala de Bruno Aiub, o Monark, em defesa da existência de um partido nazista e do direito do cidadão ser anti-judeu, pessoas próximas a Lula respiraram aliviadas.
No ano passado, o ex-presidente e pré-candidato ao Planalto recusou o convite feito algumas vezes para ser entrevistado no Flow Podcast, apresentado por Monark e Igor 3K.
O petista preferiu ir ao podcast concorrente, o PodPah, comandado por Igão e Mítico. A conversa aconteceu ao vivo em 2 de dezembro. Durante a transmissão de 2 horas e meia foram registrados 2,2 milhões de acessos.
Dias depois, em uma gravação, Monark e Igor 3K disseram que Lula preferiu ir ao Podpah porque seria menos “contestado” do que se fosse ao Flow.
Nos bastidores do PT, assessores temiam as perguntas provocativas de Monark, que já havia feito críticas incisivas contra a esquerda e os políticos em geral. A dupla do Podpah é vista como moderada e mais sensível às pautas petistas.
Ironicamente, a bomba midiática protagonizada por Monark respingou em Lula mesmo sem ele ter ido ao Flow. O MBL resgatou uma opinião controversa do petista sobre Hitler ao sair em defesa do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), execrado por discordar, no mesmo bate-papo no Flow, da criminalização do Partido Nazista no pós-guerra.
“O Lula defendeu, em 1979, em uma entrevista à revista ‘Playboy’, que Hitler era uma pessoa cheia de energia, dinâmica, determinada”, disse Renan Santos, um dos líderes do Movimento Brasil Livre.
Aos detalhes
Na ocasião, a publicação perguntou se o então sindicalista havia se inspirado em alguma “figura de renome”. Ele citou Tiradentes, Gandhi, Che Guevara e Mao Tsé-Tung. “Diga mais”, pediu o entrevistador.
“Por exemplo, o Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer”, disse Lula.
“Quer dizer que você admira o Adolf?”, questionou a ‘Playboy’. “Não, não. O que eu admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as ideias dele, a ideologia dele.”
Todos os candidatos à Presidência da República estão de olho nos podcasts mais populares. Há interesse em ser entrevistado nesses canais pelo acesso direito ao eleitor jovem, pouco interessado em política e que não irá consumir a propaganda eleitoral na TV.
A entrevista de Lula no Podpah está com 8,6 milhões de visualizações no YouTube. Nenhum vídeo nos canais oficiais do petista e do presidente Jair Bolsonaro chega perto dessa audiência.