Maior problema das irmãs Abravanel não é a saída de executivos importantes do SBT
Daniela Beyruti e Renata Abravanel terão de demonstrar força para lidar com inimigo invisível
A saída de respeitados executivos do SBT – entre eles, o CEO do Grupo Silvio Santos, José Roberto Maciel, e o diretor de programação da emissora, Murilo Fraga – gera efeitos dúbios sobre as herdeiras agora no comando da TV da Anhanguera.
De um lado, a vice-presidente do canal, Daniela Beyruti, e a presidente do Conselho de Administração da holding, Renata Abravanel, ampliam poderes ao renovar o quadro ligado à gestão do pai delas, Silvio Santos, falecido aos 93 anos em agosto.
As duas têm o direito de formar um time de confiança com novos executivos, como quase sempre acontece quando há mudança na direção de uma grande empresa. A era iniciada pelas irmãs Abravanel representa a continuidade do legado que receberam e, ao mesmo tempo, deve promover a necessária renovação do SBT.
Do outro lado, o desligamento de nomes relevantes joga sobre Daniela, de 48 anos, e Renata, 39, a pressão por resultados rápidos para provar a capacidade de conduzir a rede que luta para reconquistar a vice-liderança de audiência perdida para a Record e evitar prejuízo no balanço financeiro.
Ambas terão de enfrentar um inimigo recorrente a mulheres em posição de poder: o machismo – tanto o explícito quanto o velado. Os sussurros ditos nos bastidores por quem não ousa verbalizá-los em público questiona se conseguirão sair da sombra do pai genial e impulsionar o SBT em momento bastante complicado para o mercado de televisão no Brasil.
Será que um herdeiro homem seria alvo da mesma desconfiança e, talvez, de torcida contra? Pesa também sobre Daniela e Renata a má vontade de quem despreza os ‘nepo babies’ (filhos de pessoas bem-sucedidas na carreira e nas finanças). Elas precisarão de resiliência e firmeza extras para se desviar desses obstáculos.
Um ponto positivo da atual gestão é o resgate de programas históricos da emissora, como o ‘Show do Milhão’ e ‘Porta da Esperança’, e o investimento nas transmissões de futebol. Muitas vezes, ao invés de querer reinventar a roda, o mais sensato – e eficiente – é apostar nas origens e no básico bem-feito. Tudo o que o SBT precisa é voltar a ser o que já foi.