Campeã do MasterChef, Izabel diz que descobriu "gordofobia"
A carioca disse que nunca tinha sofrido bullying, mas com o programa seguidores aproveitam para falar de seu peso
A carioca Izabel Alvares não esperava ganhar o MasterChef e só começou a perceber que teria chance na penúltima prova, quando escolheu um peixe-sapo para cozinhar. Mesmo quando voltou da repescagem, após ser eliminada por uma massa de lasanha, isso não passava muito pela sua cabeça. “Depois que voltei, só queria aproveitar o momento, não pensava se chegaria ou não à final”, afirmou em entrevista exclusiva ao Terra .
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A produtora de eventos disse que não sabia o resultado da prova até a madrugada dessa quarta-feira (16), mesmo com o programa tendo sido gravado há dois meses. Sobre os spoilers que davam conta de que ela seria a vencedora, garantiu: “o pessoal podia falar o que quisesse, mas a chance de um ou de outro era de 50%”. Durante a entrevista, ela rebateu a fama de chorona. “Eu não sou assim. A tensão do programa me levou a isso.”
Também falou sobre o fato de passar a ter seguidores nas redes sociais. “Tem gente muito carinhosa, mas também percebi que existe mesmo a gordofobia. Nunca tinha passado por bullying por causa disso”. Confira abaixo trechos da entrevista!
Terra – Foram divulgados spoilers dando conta que você era a vencedora do programa. Você sabia do resultado antes?
Izabel Alvares – Não, só soube ontem. O pessoal fala o que quiser e a chance de acertar era de 50%. Mesmo porque a disputa com o Raul foi muito acirrada mesmo.
Terra - A gravação foi há dois meses, o que fez nesse período?
Izabel Alvares – Aproveitei para me divertir, participar mais das redes sociais, dar um feedback para os fãs, porque com o programa ganhei muitos seguidores. Muitas vezes, repassava a prova na minha cabeça.
Terra – Você respondeu alguns seguidores que se manifestavam sobre o fato de estar acima do peso.
Izabel Alvares – Respondi mesmo, não quis ficar quieta. Escreviam coisas assim: ‘como pode ter namorado se é gorda’. Nas redes sociais, há pessoas muito gentis e outras que aproveitam apenas para falar mal de você. Descobri que realmente existe a gordofobia. Não sabia que isso era tão forte. Muita gente acha que quem é gordo é desleixado e sujo. Nunca tinha sofrido esse tipo de bullying na minha vida. Mas foi ótimo ter respondido, vários comentários disseram que “sambei” na cara dessas pessoas.
Terra – Quando começou a cozinhar?
Izabel Alvares – Comecei ao 12 anos, mais ou menos. Minha mãe não cozinha nada e não tinha tempo. Os dois são artistas. Meu pai cozinha muito bem, mas vive viajando a trabalho, ele (Eduardo Alvares) é tenor. Quando voltava, preparava alguns pratos que tinha aprendido nos países, como Itália e Alemanha. Comecei a aprender assim e também a me virar para fazer o trivial, como ovos mexidos. Tenho 31 anos, ou seja, faz quase 20 anos que cozinho, inclusive em casa, para mim e para meu “namorido”. Mas sempre fui cozinheira de bandeja de supermercado. Comprava carne já cortada. Se me perguntasse onde ficava o filé mignon do boi, eu não saberia responder
Terra – Você treinou durante o programa?
Izabel Alvares – Sim, estudei muito em casa, principalmente a filetar peixe, coisa que nunca tinha feito.
Terra – Fez lasanha novamente após a eliminação?
Izabel Alvares – Não fiz. Eu gosto de fazer massa e a da lasanha é igual a do ravióli, mas não é dobrada. Nunca tinha feito a de lasanha. A Paolla (Carosella, jurada do programa) disse que a massa tinha de ser fina, mas aí ficou muito fina e grudada.
Terra – Por que escolheu os pratos de porco para a final?
Izabel Alvares – Quis resgatar minha raiz mineira. Meu pai é a primeira geração que foi para o Rio de Janeiro. Então, peguei o livro de receitas de minha bisavó, que hoje está com minha avó, e fui vendo o que dava para fazer. Com a ajuda dela, escolhi comidas que lembravam minha vida, minha família. Por isso, o pão de queijo, o purê, a sericaia de sobremesa.
Terra – Não teve medo de que os três pratos de porco poderiam ser pesados?
Izabel Alvares – Isso não passou pela minha cabeça. Gosto de comida pesada em geral, mas todas as receitas foram balanceadas com ingredientes mais leves. Na entrada, tinha geleia de goiaba (foi pão de queijo com costela de porco desfiada). Para a bochecha de porco, tinha o purê e flor de erva-doce; na sericaia (sobremesa), era apenas uma espuma de bacon. Fiz porções pequenas, para não empapuçar. A carne de porco não é pesada. Com técnica, qualquer prato pode ser bem leve.
Terra – Fez um treinamento antes da final?
Izabel Alvares – Apenas uma vez, porque tivemos só dois dias para fazer o prato da final. Tentei cronometrar o tempo em casa, mas estourei um pouco. Estava bem organizada na final e isso me ajudou.
Terra – Você vai estudar na escola Cordon Bleu, de Paris. Sabe falar francês?
Izabel Alvares – Uma palavra, apenas. Pode colocar aí que a Izabel procura patrocinador para um curso de francês.
Terra – Falou com a Elisa Fernandes, vencedora do primeiro MasterChef e que fez o curso na França?
Izabel Alvares – Encontrei com ela num restaurante quando o programa estava no ar, mas foram dois minutos. Ela disse que estava torcendo por mim. Ontem, não a vi na Band.
Terra - Se fosse dona de um restaurante, quem levaria para trabalhar com você e quem não levaria?
Izabel Alvares – A Larissa, que saiu logo no começo; o Raul, por causa do tempero; a Jiang, pela organização, e a Sabrina que sempre está disposta a ajudar. Difícil falar quem não levaria, mas o Cristiano, porque ele não gosta de mim e não dá para trabalhar com quem não gosta da gente; e acho que o Lucas, por causa da desorganização.
Terra - Qual foi o momento mais tenso do programa depois da repescagem?
Izabel Alvares – Foi no dia de replicar o prato do Fogaça, o lombo de cordeiro com purê aligot (de batatas com queijo). Ficamos eu e o Fernando, que acabou eliminado.
Terra - Qual a dica para alguém que queira se candidatar ao próximo MasterChef?
Izabel Alvares - Estude muito, cozinhe comida do dia a dia, não só quando é aniversário de casamento. Faça arroz, feijão, pão, comida que leva muito tempo para ser feita. Cozinhar é uma coisa muito séria.
Terra – Qual o pior erro que alguém pode cometer na cozinha?
Izabel Alvares - Não provar a própria comida. É preciso provar o tempo inteiro. É um conselho que recebi de uma amiga chef, quando estava no programa: se provou e achar que estiver bom, tempere um pouquinho mais. Assim a comida fica com vida.
Terra – Você chorava muito e todo mundo comentava isso. É chorona na vida real?
Izabel Alvares – Eu não choro assim, mas estava muito nervosa. Meu namorido me acalmava e falava que era um momento, que a tensão do programa me deixava assim, mas o choro não me define. Eu não sou assim.
Terra – Já pensou o que vai fazer com os R$ 150 mil que ganhou?
Izabel Alvares – Vou devolver um pouco para o namorido, que me sustentou nesse tempo em que não trabalhei para participar do programa. O resto vou guardar. Quero seguir a carreira, estagiar em restaurantes e depois que voltar de Paris pensar em algum negócio meu.