Mesmo ao vivo, 'Furo MTV' se engessa com formato gravado
A MTV aposta no humor há alguns anos. E nem mesmo a "debandada" de parte de seu elenco no fim do ano passado – Dani Calabresa assinou com a Band, enquanto Tatá Werneck e Marcelo Adnet migraram para a Globo – foi capaz de frear suas apostas nesse segmento. Mais jornalístico que antes, quando era gravado, o Furo MTV agora se propõe a fazer graça em cima das notícias mais impactantes do dia. Para isso, a emissora deixou Bento sozinho na bancada do telejornal "nonsense", no papel de âncora. E escalou quatro "repórteres" em quadros gravados quase em cima da hora: Paulinho Serra, PC Siqueira, Bruno Sutter e Daniel Furlan.
Exibir o Furo ao vivo possibilita, de fato, o uso de notícias quentes. Mas a exibição em tempo real, para um programa de humor, poderia ser mais natural e espontânea do que é. Por enquanto, tudo aparenta ser ensaiado demais, o que conflita com a liberdade artística que a própria emissora explora em toda a sua grade. Até a interação com o público, um das vantagens dos programas exibidos ao vivo, fica esquecida. Exceto pela exibição de imagens da porta da emissora – que poderiam ser feitas em qualquer horário, diga-se de passagem –, pouco se vê em relação a tentativas de estabelecer contato com os telespectadores.
As reportagens também deixam a desejar. A intenção de resgatar o "espírito" do extinto Comédia MTV, mencionada pela equipe no lançamento do projeto, definitivamente não se concretizou. O humor adotado segue uma linha adolescente demais. Mesmo em um início cheio de acontecimentos importantes – como o julgamento do goleiro Bruno, a saída do Papa e o início de um novo conclave e as mortes de Hugo Chávez e do cantor Chorão –, as tiradas foram, na maioria das vezes, previsíveis e acompanhadas de uma sensação de "déjà vu". Quando a falta de surpresa se torna constante no humor, pode ser vista como um sinal de necessidade de renovação. Algo pouco coerente com um programa que acaba de ser totalmente reestruturado.